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O debate sobre educação inclusiva, que ganhou notoriedade e avanço depois da aprovação pelo Conselho Nacional de Educação do Parecer Orientador n 50, não deve ser esquecido de maio em diante. A atenção a esse tema deve continuar ativa e envolver tanto agentes civis quanto governamentais.
Nesse contexto, uma pergunta tem sido especialmente
norteadora: afinal, o que é uma escola inclusiva?
A Lei Brasileira de Inclusão traz quatro pilares
essenciais para determinar o que é uma escola inclusiva: acesso, permanência,
participação e aprendizagem.
É preciso destacar que o Brasil avançou de forma
muito significativa nas últimas décadas no que concerne a políticas de acesso.
Segundo projeções feitas por dados do IBGE de 2013, em 2024 teremos certa de 51
milhões de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. Considerando as metas do
PNE, em especial a de universalizar a educação básica de 4 a 17 anos, será
necessária a oferta de 45,8 milhões de matrículas. Considerando a rede de
oferta atual, será possível o pleno atendimento de acesso, mobilizado ainda
pelas mudanças demográficas (menor número de nascimento) e alteração dos fluxos
escolares (melhoria do quadro de distorção série idade).
Por isso, certamente os pilares de permanência,
participação e aprendizagem serão os focos prioritários de investimentos para
superação de desafios como o abandono escolar cuja taxa no ensino médio
aumentou 128%, segundo estudo do INESC. Programas como o “Pé de Meia”, que
possibilita o repasse de recursos financeiros como estratégia para permanência,
associado a políticas como a educação integral tem sido caminhos significativos
de transformação.
Outro ponto essencial é a questão da participação
das famílias. Neste sentido, a mobilização social como fator de mudanças pode e
deve ser valorizada. Destaco aqui o trabalho realizado pelas mais de 2600
entidades e grupos, quase todos formados por famílias e por pessoas com
autismo, que tem se mobilizado há mais 90 dias a favor da homologação do
Parecer 50, que trata sobre os caminhos para o atendimento educacional de
estudantes com autismo.
O tema segue sem resposta do MEC, ainda que seja louvável o acolhimento dado pelo ministro Camilo Santana ao tema, mostrando assim os desafios que os gestores tem ante a suas equipes que muitas vezes deixam de dialogar de forma democrática e efetiva, fatores primordiais para oitiva de demandas e avançar naquilo que mais importa: uma educação efetivamente justa e inclusiva.
Flávia Marçal - advogada, professora universitária e mãe atípica.
Lucelmo Lacerda - doutor em Educação, gestor e autor do livro “Autismo: uma brevíssima introdução”.
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