Gravura do álbum Souvenirs de Rio de Janeiro, publicado em 1836.
Vista da Nossa Senhora da Glória e barra do Rio de Janeiro,
de Johann Jacob Steinmann. Coleção Ema Klabin
Mostra
apresenta, pela primeira vez, álbum considerado um dos primeiros conjuntos de
gravuras sobre a cidade maravilhosa publicados na Europa, além de
intervenções criadas pelo artista PV Dias que questionam a passividade das
imagens
A Casa Museu Ema Klabin realiza, de 11 de maio a 11 de agosto, a exposição Rio de Janeiro, XIX–XXI, que apresenta as 12 gravuras que compõem o álbum Souvenirs de Rio de Janeiro, produzido pelo suíço Johann Jacob Steinmann em 1836. Em paralelo, a série Disse-me-disse, especialmente criada pelo artista brasileiro PV Dias, insere desenhos contemporâneos nas gravuras de Steinmann e nos desenhos que as emolduram, inspirados em registros de Johann Moritz Rugendas. A exposição tem curadoria de Paulo de Freitas Costa e Janaina Damaceno, com curadoria adjunta de Ana Paula Rocha.
O álbum Souvenirs
de Rio de Janeiro foi um dos primeiros conjuntos de gravuras
publicadas na Europa após a Independência do país, trazendo uma visão europeia
da cidade, que promove a exuberância da paisagem natural, sem revelar suas
tensões e conflitos, dentro de uma tradição que remonta ao trabalho de Frans
Post e Gaspar Barléu, bem como dos artistas da Missão Artística Francesa.
“Talvez mais
reveladora que as paisagens seja a moldura aplicada às gravuras, baseada em
gravuras de Rugendas e elaborada por Steinmann, em que indígenas e escravizados
são representados de forma indistinta, como parte integrante de uma natureza
exuberante”, afirma Paulo Costa.
Série Disse-me-disse
A partir de sete obras do álbum de Steinmann e três gravuras de Rugendas, PV Dias inseriu figuras contemporâneas, tanto nas paisagens, quanto nas molduras, evidenciando as questões propostas por esta exposição que avalia como, após dois séculos, essas imagens da paisagem carioca podem ir além da tradição e registrar nossa realidade e identidade de uma forma mais complexa.
“Como Denilson
Baniwa e Silvana Mendes, para citar apenas dois dos mais importantes artistas
deste movimento, PV Dias vem fabricando rasuras decoloniais em imagens
históricas do Brasil, questionando noções de pertença e territorialidade que
ajudaram a produzir a ideia de um país racialmente democrático. Com seus
pequenos gigantes que sussurram para os personagens das gravuras de Steinmann e
Rugendas, ele abre uma fenda temporal em que o segredo e a (con)fabulação
surgem como personagens principais”, diz a curadora Janaina Damaceno.
Tarsila
do Amaral, Frans Post e Di Cavalcanti
As obras de PV Dias estarão expostas lado a lado com as gravuras de Steinmann e intervenções do artista brasileiro estarão em diálogo com outras quatro obras da Coleção Ema Klabin expostas em outros ambientes na casa museu: Rio de Janeiro, de Tarsila do Amaral; Vista de Olinda e Igreja de São Cosme e Damião, de Frans Post, e Retrato feminino, de Emiliano Di Cavalcanti.
“O olhar da
curadoria sempre procura dar destaque para um aspecto da coleção reunida por
Ema Klabin e colocá-lo em perspectiva com o momento atual, mas esta é a
primeira vez que estamos trazendo um artista contemporâneo para criar obras que
vão integrar uma exposição temporária na casa museu. Provocamos, com isso, uma
interação ainda mais profunda com o mundo e as questões atuais por meio de um
diálogo direto entre curadores e entre um artista de hoje e um artista de dois
séculos atrás, que contribuiu para um imaginário ainda muito presente sobre o
Rio de Janeiro”, destaca a superintendente da Casa Museu Ema Klabin, Fernanda
Paiva Guimarães.
A exposição Rio de
Janeiro, XIX – XXI segue o tema proposto para 2024 Novo Mundo:
territórios e identidades, que consiste em uma reavaliação de
nossos conceitos acerca do Continente Americano, buscando novas leituras e
perspectivas sobre a geografia, as diversas populações e suas manifestações
culturais.
A exposição
integra o projeto Casa Museu Ema Klabin Digital 2024, contemplado pelo Programa
Municipal de Apoio a Projetos Culturais – PROMAC da Secretaria Municipal de
Cultura de São Paulo, com patrocínio da Marsh McLennan. A casa museu conta
ainda com o apoio da Klabin S.A.
Sobre o álbum de Steinmann
Em 1825, logo após
a Independência do país, o jovem artista suíço Johann Jacob Steinmann
(1800-1844) foi convidado pelo governo brasileiro a dirigir a recém-criada
escola de impressão da Academia Militar. Steinmann permaneceu nessa função por
cinco anos, antes de abrir sua própria oficina litográfica, destinada
primordialmente a produzir gravuras criadas a partir de seus registros da
paisagem brasileira, bem como de outros artistas. Após retornar à Europa, em
1833, publicou, com grande sucesso, a primeira edição do álbum Souvenirs
de Rio de Janeiro dessinés d’aprés nature & publiés par J. Steinmann,
contendo 12 gravuras em água-tinta executadas por Friederich Salathé com base
em nove desenhos de Steinmann e em registros dos pintores Eduard de Kretzschmar
e Victor Barral. Todas as imagens do álbum têm uma moldura com desenhos
inspirados nos registros de outro viajante, Johann Moritz Rugendas.
Serviço
Rio de Janeiro,
XIX – XXI
Souvenirs
de Rio de Janeiro, Johann Jacob Steinmann, 1836
Série Disse-me-disse,
PV Dias, 2024
11 de maio a 11 de
agosto de 2024
Inauguração:
sábado, 11 de maio
de 2024
a partir das 14h
Visitas livres
quarta a domingo
das 11h às 17h com permanência até às 18h
Visitas mediadas
quarta, quinta e
sexta às 11h, 14h, 15h e 16h
sábados, domingos
e feriados às 14h
Rua Portugal, 43 –
Jardim Europa - São Paulo, SP
Entrada franca,
com sugestão de contribuição voluntária*
Instagram: @emaklabin
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Vídeo de realidade virtual: https://www.youtube.com/watch?v=kwXmssppqUU
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