Consulta pública da ANVISA sobre o tema se encerra nesta sexta-feira
Está aberta até a próxima sexta-feira,
09 de fevereiro, uma consulta pública proposta pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) com o objetivo de coletar opiniões de
especialistas e representantes da sociedade civil sobre a regulamentação dos
Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs). Neste contexto, a Sociedade
Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) reforça sua posição contra a
disponibilização, distribuição ou comercialização de DEFs, seja de maneira
recreativa ou como método terapêutico para redução de tabagismo, e encara com
imensa preocupação o consumo desses produtos no país.
De acordo com o estudo Risco de
iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos: revisão
sistemática e meta-análise, conduzido pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer)
e publicado em 2022, o uso de cigarros eletrônicos aumenta em mais de três
vezes o risco de experimentação do cigarro tradicional.
Além de servir como uma porta de
entrada para o consumo de tabaco, o coordenador do Comitê de Tumores Torácicos
da SBOC e oncologista clínico, Dr. William Nassib William Junior, alerta sobre
a presença de nicotina nos dispositivos, considerada uma substância altamente
viciante: “Além de não ser um método seguro para quem quer parar de fumar, os
cigarros eletrônicos também causam dependência e outros problemas de saúde”,
comenta.
Segundo o especialista, diversas
pesquisas demonstram que o uso de tais dispositivos está associado ao risco
aumentado para doenças pulmonares e cardiovasculares, exacerbação de asma,
tosse, dispneia e inflamações pulmonares perigosas.
Dr. William esclarece que até o momento
não existe ligação comprovada entre o uso de cigarros eletrônicos e o
desenvolvimento de câncer porque o hábito ainda é recente, portanto, não houve
tempo suficiente para os estudos detectarem esta relação. No entanto, o fato de
não haver essa comprovação não significa que ela não exista. O especialista
explica que no caso do cigarro tradicional foram necessárias décadas de estudos
e a morte de milhares de pessoas por câncer antes que esta associação fosse
estabelecida.
Ele ainda destaca que diversas
substâncias presentes nos dispositivos são conhecidas por serem cancerígenas.
“Embora a quantidade dessas substâncias seja aparentemente menor em comparação
com os cigarros tradicionais, isso não significa que os cigarros eletrônicos
sejam seguros”, enfatiza o oncologista.
Em 9 de maio de 2022, representantes de
49 entidades médicas, dentre elas a SBOC, assinaram documento contra a
liberação dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), disponível no link: Link
A SBOC espera que o governo federal
adote medidas eficientes contra a regulamentação dos cigarros eletrônicos em
respeito à saúde da população, e enxerga a possível liberação da
comercialização dos dispositivos como um retrocesso de décadas de esforços da
política de controle do tabaco.
Proibição no
Brasil
Desde 2009, a ANVISA proibi a
fabricação e a comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil, o que torna o
produto ilegal no país. Sem a regulamentação, não há fiscalização sobre a
composição, procedência ou até mesmo a segurança para o uso de cigarros
eletrônicos.
De acordo com pesquisa recente
apresentada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), mais de 2
milhões de brasileiros afirmaram ter usado o dispositivo com o objetivo de
deixar o cigarro tradicional, e outros 6 milhões de pessoas fumantes disseram
já ter experimentado o cigarro eletrônico em algum momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário