Crédito: Envato
Bastam alguns goles no meio de um dia cheio para
que qualquer tarefa pareça menos cansativa. As bebidas energéticas, com sua
composição potente, realmente ajudam a ficar mais alerta e ter mais atenção,
mas o preço pode ser alto. Pesquisas indicam que os efeitos dessas substâncias
no organismo são variados e nem sempre benéficos.
Recentemente, um estudo divulgado no Public
Health Journal apontou que o consumo de bebidas energéticas, ricas
em cafeína, taurina e açúcar, pode afetar seriamente a saúde mental de crianças
e adolescentes, incluindo a ocorrência de pensamentos suicidas. Essa conclusão
veio após a análise de 51 estudos anteriores, feitos com mais de 1,2 milhão de
crianças. Ansiedade, dificuldades de aprendizagem, depressão e insônia foram
alguns dos efeitos relatados. De acordo com a cardiologista e professora de Medicina
da Universidade Positivo, Chiu Yun Yu Braga, “exagerar no consumo dessas
bebidas pode causar dependência de cafeína e está associado a comportamentos de
risco”.
Lance a lance
À medida que a cafeína, o açúcar e outros
ingredientes, como a taurina, começam a surtir efeito no organismo, os
consumidores podem experimentar diferentes sensações físicas. Além dessas
mudanças perceptíveis, outros efeitos mais discretos também podem ocorrer.
Logo após a ingestão de um energético, nos
primeiros dez minutos, já se nota, por exemplo, um aumento significativo da
pressão arterial e dos batimentos cardíacos. A especialista explica que “a alta
dose de cafeína age como um estimulante no corpo, provocando a elevação da
frequência cardíaca e da pressão”. Esse efeito tende a ser mais agudo em
consumidores mais jovens. A cafeína pode estar presente nos energéticos em
doses de até 150 mg. Segundo estudos, a dose segura de cafeína é de até 400 mg
por dia.
Depois de 15 ou 20 minutos, a cafeína pode deixar
as pessoas mais alertas e concentradas. No entanto, esse efeito é passageiro,
visto que, aproximadamente uma hora depois, os níveis dessa substância caem de
repente, o que pode levar a sensações de cansaço ou mesmo exaustão. “O excesso
de cafeína provoca uma resposta do fígado, que absorve todo o açúcar
rapidamente, causando uma queda repentina nos níveis de açúcar no sangue e,
consequentemente, cansaço. Muitas vezes, esse cansaço pode ser ainda maior do
que aquele que se pretendia evitar antes de consumir a bebida”, esclarece Chiu.
Por fim, o aumento súbito nos níveis de açúcar,
cafeína e concentração proporcionado pelos energéticos pode ter consequências
nocivas, mesmo muitas horas depois do consumo. Entre 12 e 24 horas mais tarde,
o consumidor pode sentir dores de cabeça, irritabilidade e até mesmo prisão de
ventre.
É possível manter uma relação saudável com os
energéticos, desde que o consumo seja moderado. “Você pode consumir um
energético eventualmente, quando precisa manter-se alerta por alguma razão
específica. O importante é evitar o consumo rotineiro, que pode levar à
dependência de cafeína. Uma vez dependente, o corpo exige doses cada vez
maiores dessa substância, o que pode estar associado ao risco de arritmias cardíacas”,
completa a cardiologista.
up.edu.br/
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