Para evitar acidentes, a construção das estruturas dos veículos de festa exige materiais adequados e profissionais especializados, conforme explica membro da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração
Considerado o
maior do planeta, o carnaval do Brasil, com destaque às festividades do Rio de
Janeiro, é marcado por desfiles de escolas de samba em arenas conhecidas como
sambódromos, onde reúnem-se dezenas de carros alegóricos de tamanhos
avantajados e milhares de apaixonados pela festa.
A paixão dos
foliões é tamanha que eles acabam sendo a força motora para movimentar grande
parte dos carros alegóricos, os quais contam com estruturas de aço e
alumínio, sistema de suspensão, sistema de direção e frenagem e, raras vezes,
com motores pequenos de baixa potência.
Assim como na
construção de veículos de grande porte, o aço tem um papel fundamental nas
estruturas de um carro alegórico, garantindo a resistência adequada aos
esforços causados pelo peso do próprio carro e alegorias e das pessoas que
desfilam a bordo, e aos esforços dinâmicos causados pelo movimento. A
utilização de aços de maior resistência propiciam a redução de peso da
estrutura, favorecendo o deslocamento.
Apesar do clima
festivo nesta época do ano, infelizmente nem tudo é alegria e não são raros os
acidentes envolvendo as estruturas de um dos protagonistas do carnaval — os carros
alegóricos — sendo alguns, inclusive, fatais.
Um dos mais graves
ocorreu em 2017, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, no
primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, quando um carro alegórico de uma
das escolas de samba perdeu o controle ao fazer uma curva, bateu na grade e
prensou 20 pessoas no local, levando uma delas a óbito.
Frente aos riscos
relacionados a esses veículos, o gerente de suporte técnico da Associação
Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), Marcio Antonio da Silva,
aponta quais são as principais causas de acidentes com carros alegóricos. “Elas
estão relacionadas a falhas nos elementos de transmissão e rodas dos carros,
falhas no projeto, materiais ou na construção da estrutura, ou utilização
inadequada, ultrapassando a quantidade limite de peso e de pessoas para aquela
estrutura”, explica.
Como
garantir a segurança
Para evitar tais
acidentes, é necessário que um carro alegórico seja seguro. De acordo com
Marcio Silva, a construção de carros alegóricos deve seguir rigorosamente as
normas técnicas aplicáveis, assim como todo projeto. “Para garantir a segurança
em todas as etapas do processo, é necessário também que profissionais
especializados em estrutura e instalações elétricas façam a fiscalização e o
acompanhamento de forma permanente, dando especial atenção ao processo de
soldagem utilizado para a união dos perfis, vigas e tubos”, atesta o
profissional.
Os carros
alegóricos devem passar ainda por uma vistoria do Corpo de Bombeiros. “Ela é
feita para garantir as condições de prevenção e combate a incêndios, além dos
mecanismos antipânico”, aponta o gerente da ABM.
Como é o projeto de um carro alegórico
Os detalhes do
projeto do carro alegórico devem prever diversas variáveis, tais como os riscos
de segurança na fabricação, as adequações ao trajeto, desde o barracão até a
avenida, a capacidade de carga e os esforços dinâmicos durante o desfile.
O gerente de
suporte técnico da ABM explica que, a partir de um croqui feito pelo
carnavalesco, o engenheiro projetista elabora um projeto de construção dos
carros alegóricos. “Para a construção é feita uma adaptação de um chassi de
caminhão ou ônibus às necessidades de tamanho e peso das alegorias”, explica
Marcio Silva.
Assim, o primeiro
passo é trabalhar a estrutura mecânica utilizando-se aços estruturais
adequados. “A estrutura do chassi é alongada e reforçada, sendo também
complementada com vigas para ficar no tamanho ideal de acordo com o projeto”,
ressalta.
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