Médico Nacional do Hospital Integrado do Câncer da Rede Mater Dei de Saúde e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia é otimista em relação à doença nos próximos anos
Neste 4 de Fevereiro, quando é lembrado o Dia
Mundial do Câncer, mesmo com estimativas assustadoras, o oncologista clínico
Enaldo Melo de Lima,
coordenador Médico Nacional do Hospital Integrado do Câncer da Rede Mater Dei
de Saúde e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, é
otimista quanto ao futuro: “Tenho um sentimento de esperança de que em 15, 20
anos, as pessoas até poderão ter câncer, mas a doença não vai ser mais tão
estigmatizada. A ciência está trazendo respostas muito rápidas e a tecnologia
soluções ágeis. Não vejo uma redução imediata dos casos da doença, mas
certamente, os tratamentos que hoje estão muito avançados em comparação há 10
anos, estarão bem melhorados. As pessoas vão morrer de outras coisas, de
envelhecimento mesmo”, pontua.
Enaldo diz que o câncer, na atualidade, é comparado
a um problema de saúde pública mundial e alguns dos mais de 800 subtipos da
doença vêm acometendo pessoas abaixo de 40 anos de idade. A Organização Mundial
de Saúde estima que serão cerca de 20 milhões de novos casos da doença no mundo
a cada ano, com uma taxa de óbitos que se aproxima de 9 milhões. No Brasil,
proporcionalmente, o cenário se aproxima do que acontece globalmente, e serão
registrados algo em torno de 700 mil novos casos por ano, de acordo com o
Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Ele cita dois tipos de câncer que antigamente
acometiam pessoas mais velhas, mas que hoje têm ocorrido em jovens, abaixo dos
40: o câncer de intestino e reto e o câncer de pulmão, mesmo em pessoas que
nunca colocaram um cigarro na boca. “Já há dados técnicos publicados de que
houve uma antecipação dessas doenças. Até alguns anos atrás, a indicação de
fazer colonoscopia era acima de 50 anos. Hoje é acima de 45 anos e, ainda
assim, você tem uma incidência da doença em pessoas jovens. Isso não é achismo
dos médicos, é estudo mesmo”, pontua.
E porque isso está ocorrendo? O especialista
destaca que o câncer do intestino e reto ocorre, possivelmente, pelo padrão
alimentar adotado pelo mundo ocidental, com enlatados, embutidos e na forma
como os alimentos são conservados, com base em produtos químicos. “Esse é um
fato evidente que vem ocorrendo mundialmente e acredito que a forma de
alimentação levou a esse aumento dos casos da doença em jovens nos EUA, Europa,
no ocidente em geral. Outro aspecto é a queima dos combustíveis fósseis em
grandes centros urbanos, que está gerando mais casos de câncer de pulmão em
pessoas com menos de 40 anos. Nós que vivemos em grandes cidades temos uma
chance de duas a quatro vezes mais de ter câncer de pulmão do que quem mora
numa cidade do interior ou num local que não tem esse mesmo nível de poluição
ambiental”, aponta.
Apesar de nos exemplos a incidência ter aumentado
entre jovens, 70% dos cânceres em geral acometem pessoas acima de 65 anos; 29%
em pessoas entre 30 e 64 anos; e 1% abaixo dos 30 anos de idade. O oncologista
esclarece também que hoje, em pessoas acima de 70 e 80 anos, muitos tumores são
apenas acompanhados, pois não apresentam risco de morte para os pacientes. “O
câncer de próstata e o de mama, em alguns casos de pessoas mais velhas, passam
pelo que chamamos de vigilância ativa, ou seja, o médico só acompanha, não
trata com quimio ou radioterapia, pois a pessoa não tem risco de morrer do
câncer”, explica.
Com quatro décadas de profissão dedicados à
oncologia clínica, Enaldo de Lima ressalta que, além da tecnologia, que
permitiu novos aparelhos de detecção do câncer, os medicamentos e tratamentos
avançaram de forma surpreendente, além do acesso à prevenção e controle da
doença, em todo o mundo.
Robôs, imunoterapia e HPV - Entre os avanços mais recentes, ele ressalta as cirurgias com robôs, que apresentam uma acurácia muito mais elevada em comparação à mão humana na precisão da retirada dos tumores, e também os medicamentos à base de imunoterapia. “Hoje, no Hospital Integrado do Câncer da Rede Mater Dei, oferecemos tudo o que há de mais moderno em termos de tratamentos, aparelhos e exames em oncologia para o paciente, além de uma equipe multidisciplinar que discute todos os casos diariamente. Nossos hospitais contam com pronto-atendimento oncológico, um dos únicos no país”, ressalta.
Além do estilo de vida, a prevenção de doenças como
o câncer passa também pelos cuidados pessoais. Estimativa da OMS indica que 17%
dos cânceres em todo o mundo estão relacionados a vírus, um deles e o mais
relevante, o HPV. “Os casos de cânceres de cabeça e pescoço estão muito ligados
ao HPV. Temos também casos gerados por Hepatite, por exemplo. Por isso, é tão
relevante a vacinação do HPV em jovens. Se conseguirmos cobrir a população com
essa vacinação, poderemos assistir a uma queda nesse tipo de câncer. Essa é uma
doença prevenível se tivemos no país um sistema que funcione de fato”,
acrescenta.
Rede Mater
Dei de Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário