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Número de casos é alto entre os pequenos e algumas faixas etárias não podem sequer usar repelentes contra insetos
Em 2024, o Brasil já registrou mais de 21 mil casos
suspeitos de dengue entre crianças de zero a nove anos, de acordo com o
Ministério da Saúde. E, embora a vacina contra a doença tenha previsão de
aplicação a partir de fevereiro, o público-alvo ainda será restrito. Com base
na incidência de casos, apenas crianças e adolescentes com idades entre 10 e 14
anos poderão tomar a vacina pelo SUS. Como, então, proteger as crianças que não
estão contempladas nesta primeira fase da campanha?
Segundo a pediatra e professora de Medicina
da Universidade Positivo (UP), Gislayne Souza Nieto, o mais importante é
investir na prevenção da doença. “É preciso ter cuidado redobrado com os
pequenos para evitar a picada do Aedes aegypti, que é a única forma de barrar a
transmissão do vírus da dengue”, explica. O primeiro passo para isso é,
naturalmente, impedir a proliferação do mosquito, eliminando recipientes e
plantas que possam acumular água parada, o que se torna o ambiente ideal para
que a fêmea ponha seus ovos. Mas, apesar dos esforços feitos em campanhas de
conscientização, o país ainda não conseguiu sucesso nessa empreitada.
De zero a três meses
O uso de repelentes é indicado para adultos e
crianças maiores de três meses e é um importante aliado no combate à dengue e
às outras doenças causadas por mosquitos, como zika e chikungunya. No entanto,
crianças menores de três meses de idade ainda não podem fazer uso desse tipo de
produto. Por isso, é preciso tomar outros tipos de cuidado, principalmente em
regiões com grande incidência de mosquitos. “Devemos evitar a exposição das
crianças usando proteção física, ou seja, não deixar áreas do corpo expostas.
Isso pode ser feito com o uso de blusas de manga longa e calças compridas.
Também podemos usar repelentes de parede, aqueles que vão na tomada, por
exemplo”, detalha a especialista.
A partir dos três meses
Para crianças a partir de três meses de idade, é
possível prevenir as picadas do Aedes aegypti utilizando bons repelentes.
“Alguns produtos são liberados a partir de três meses, com algumas marcas de
boa eficácia em apresentação baby, que o próprio pediatra vai saber
indicar”, pontua. Nesse caso, a proteção física, com roupas adequadas, e o
cuidado com a exposição a locais com grande infestação de mosquitos também
ajuda a prevenir os casos.
Vacina para crianças e
adolescentes dos 10 aos 14 anos
Liberada para uso em pessoas de quatro a 60 anos, a
Qdenga só estará disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI), do SUS,
neste primeiro momento, para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A escolha
pela aplicação da vacina pelo SUS nesse grupo tem lastro no fato de que essa é
uma das faixas etárias com maior número de casos graves da doença. “A dengue é
uma doença que pode ter formas hemorrágicas, o que leva a complicações
importantes e infelizmente até à morte de indivíduos, principalmente nos
extremos de idade, que são as crianças e os idosos, além daquelas pessoas que
têm algum tipo de imunossupressão”, afirma Gislayne.
Esse é justamente o cenário que a vacina ajuda a
evitar: casos graves, internamentos e complicações. A Qdenga - vacina que será
adotada no SUS - induz resposta imunológica contra os quatro sorotipos do vírus
da dengue. “Ela é segura e tem como principal diferencial o fato de que mesmo
os pacientes que já tiveram dengue podem tomá-la sem fazer prova sorológica
anterior à aplicação.” A vacina que era aplicada anteriormente no Brasil tinha
essas exigências e só podia ser aplicada em indivíduos que já tivessem tido a
doença.
Mais imunizantes
Recentemente, o Instituto Butantan publicou resultados positivos de uma vacina contra a dengue desenvolvida por ele. A publicação é o início de um longo processo e o imunizante precisa passar por algumas etapas até que esteja disponível para uso pela população. “Por fim, é importante lembrar que, na rede privada, é possível encontrar a Qdenga para aplicação em pessoas de quatro a 60 anos”, completa.
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