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O Salgueiro será a terceira escola a desfilar no
domingo de carnaval, 11 de fevereiro, na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.
Com o enredo intitulado “Hutukara”, traz como mensagem central a defesa dos
povos originários por meio da mitologia Yanomami. Na língua Yanomami,
"hutukara" significa "o céu originou a partir do qual se formou
a terra".
O enredo é uma homenagem impactante e significativa
ao povo Yanomami, uma das comunidades indígenas mais emblemáticas e resilientes
do Brasil. A escola de samba carioca escolheu destacar as contribuições
significativas dos Yanomamis para a história e cultura do país, reconhecendo a
riqueza de sua herança e a importância de preservar suas tradições.
Segundo o especialista em Gestão de Teorias
Educacionais e coordenador pedagógico da Conquista Solução Educacional, Ivo
Erthal, os Yanomamis, antes de tudo, destacam-se pela resistência e
sobrevivência frente ao avanço das ocupações da agropecuária que promovem o
desmatamento. “Esses povos são retratados como guardiões da biodiversidade
presente na região amazônica. A preservação desse povo está diretamente
relacionada à sobrevivência da floresta e seu ecossistema”, ressalta.
Há dados estatísticos importantes sobre o número de
povos, aldeias e membros. E a cada avanço dos estudos demográficos aparecem
números comprometedores e alarmantes. Segundo o Ministério dos Povos Indígenas,
570 crianças Yanomami morreram de fome e contaminadas por mercúrio. “O
principal responsável por essa crise é o garimpo ilegal na região. As
principais causas de internação dos indígenas Yanomami são diarréias,
desnutrição grave, pneumonia, malária e acidentes com cobras”, alerta Erthal.
O conhecimento ancestral sobre plantas e animais, a
cultura estética e o modo de vida representam fases específicas do
desenvolvimento humano. Essas informações, guardadas na cultura e história
Yanomami, podem oferecer pontos importantes sobre o desenvolvimento das
sociedades e a integração do ser humano com a natureza. “Seus costumes e
tradições resistem ao avanço da civilização, sendo que influenciam mais do que
são influenciados. Possuem um conhecimento natural sobre botânica e fenômenos
da natureza que servem de estudo para grupos científicos”, pontua o
especialista.
Segundo ele, os Yanomamis, que iniciaram contatos
mais intensos a partir da década de 40 do século XX, agora são trazidos à luz,
tirando-os da invisibilidade e oferecendo-lhes um merecido lugar no samba
enredo de uma das mais importantes escolas de samba do Rio de Janeiro. “Essa
escolha destaca não apenas a beleza e a riqueza cultural dos povos Yanomamis,
mas também a urgência de preservar suas tradições e garantir o respeito aos
seus direitos e territórios”, finaliza.
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