Estudos sugerem que 90% das crianças diagnosticadas têm dificuldades alimentares
No universo complexo do autismo, as dificuldades
alimentares emergem como uma questão central, afetando cerca de 90% das
crianças diagnosticadas - segundo estudos científicos. A alimentação desempenha
um papel crucial no tratamento do autismo, podendo alguns alimentos
intensificar os sintomas, como a farinha de trigo, o leite e a soja. Devido a
deficiência enzimática comum em autistas, inibindo a digestão completa dessas
proteínas, a retirada desses itens pode resultar em melhora da atenção,
concentração e maior calma. Os salgadinhos, sucos em pó artificial e gelatina,
ricos em corantes, estimulam a hiperatividade e devem ser evitados na dieta de
crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Sintomas gastrointestinais,
como constipação, diarréia, gastrite e refluxo, são comuns nesse grupo,
destacando a importância de considerar esses aspectos na abordagem nutricional.
Leonnor Medeiros, nutricionista da Clínica Multidisciplinar MedAdvance destaca a importância de abordagens especializadas para lidar com as complexidades alimentares associadas ao TEA. "A dificuldade de alimentação está frequentemente vinculada a problemas que vão além do simples ato de comer, pois crianças autistas podem apresentar seletividade alimentar mais grave, limitando o consumo de certos alimentos e texturas", ponderou a especialista, acrescentando que essas restrições podem acarretar consequências significativas na saúde física e social da criança, resultando em necessidade de suplementos nutricionais e prejuízos no desenvolvimento.
A alimentação de crianças autistas
pode ser, de fato, um desafio. Leonnor explica que o problema não se resume a
fornecer um cardápio, mas sim a implementar uma terapia alimentar eficaz.
"A terapia alimentar é uma abordagem inovadora que utiliza alimentos de
maneira lúdica, visando estimular a criança a melhorar sua relação com a
alimentação. Trabalhando de forma individualizada, a terapia busca desenvolver
habilidades motoras, orais e sensoriais, proporcionando estímulos adaptados às
necessidades específicas de cada criança", ressaltou.
De acordo com a nutricionista da MedAdvance, a
avaliação individual é essencial, pois cada criança autista é única,
apresentando necessidades distintas. "Muitos pais procuram auxílio
relatando desafios como a falta de apetite, seletividade alimentar e medo de
comer. A abordagem, portanto, exige uma equipe multidisciplinar para avaliar e
conduzir a intervenção da melhor forma possível", destacou Leonnor.
Crianças dentro do Espectro possuem hábitos
alimentares restritos e resistência à introdução de novos alimentos. Mesmo
diante dessas limitações, enfatiza a especialista, é importante estimular o
consumo da maior variedade de alimentos possível, visando evitar deficiências
nutricionais, como a carência de vitaminas e minerais essenciais para o
desenvolvimento saudável. "É desafiador, mas a nutrição especializada é
uma aliada indispensável para garantir que cada criança portadora de TEA alcance
seu pleno potencial de saúde e bem-estar", pontuou.
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