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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Transferência de Embriões Mosaicos: entenda os cuidados


Membro da SBRA destaca ainda os riscos e as recomendações para a realização do procedimento 


Ainda pouco conhecida pelo público em geral, a transferência de embriões mosaicos tem sido pauta de debates na área da reprodução humana assistida. A decisão sobre a transferência destes embriões, que ao mesmo tempo contêm duas linhagens cromossômicas na composição das células biopsiadas, tem sido uma opção, especialmente em mulheres com baixa reserva ovariana. Estudos sugerem que alterações genéticas em um embrião podem ser uma das causas do mesmo não implantar ou de abortamento.

Para o especialista em ginecologia, obstetrícia e reprodução humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Giuliano Bedoschi, “a transferência de embriões mosaicos pode ser indicada para as pacientes que apresentem dificuldades para gerar um embrião euploide, ou seja com uma composição cromossômica, especialmente pacientes que possuem uma baixa reserva ovariana, ou para pacientes que já tiveram falhas em tratamentos anteriores com, mesmo com embriões euploides”.

Na reprodução assistida, a transferência de embriões é realizada após a realização de uma biópsia, que é feita durante o processo de fertilização in vitro, onde, após fertilizado e atingido o estágio de blastocisto, algumas células do torfectoderma são retiradas. Depois do exame, eles são avaliados quanto à presença de alterações cromossômicas e os denominados euplóides são selecionados para transferência.

Entretanto, embriões com baixo grau de mosaicismo podem ser transferidos. O especialista afirma que a prática também tem os seus riscos e precisa ser realizada por um médico geneticista, ou especialista em aconselhamento genético.

Segundo Giuliano, o procedimento também pode gerar problemas genéticos para o bebê, além da perda do feto durante a gestação. “Assim como todo procedimento, observamos alguns riscos em sua realização, como os que incluem o aumento do risco de aborto e a possibilidade de que a criança nasça com alguma condição genética. Para que isso não ocorra, recomendo a inclusão do aconselhamento genético e a discussão detalhada dos riscos e benefícios com o médico responsável pelo tratamento”, disse.

Com o maior aparecimento da transferência de embriões mosaicos, o especialista ainda ressalta os desafios que os profissionais da área de reprodução assistida encontram na realização da técnica. “Temos que observar a dificuldade de identificar a constituição cromossômica dos embriões confiavelmente, a incerteza quanto aos riscos envolvidos na transferência dos embriões mosaicos e a falta de consenso na comunidade científica sobre a melhor abordagem para lidar com esses embriões”, finaliza.

No ano passado, a Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) trouxe para o debate o uso de dados de mil transferências de embriões mosaico para formular um sistema de classificação de embriões para uso clínico. O assunto foi discutido na segunda edição do Journal Club, realizado pela entidade, com o intuito de discutir artigos científicos.


Fonte: Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA)


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