Membro da SBRA destaca ainda os riscos e as recomendações para a realização do procedimento
Ainda pouco conhecida pelo público em geral, a transferência de embriões mosaicos tem sido pauta de debates na área da reprodução humana assistida. A decisão sobre a transferência destes embriões, que ao mesmo tempo contêm duas linhagens cromossômicas na composição das células biopsiadas, tem sido uma opção, especialmente em mulheres com baixa reserva ovariana. Estudos sugerem que alterações genéticas em um embrião podem ser uma das causas do mesmo não implantar ou de abortamento.
Para o especialista em ginecologia, obstetrícia e reprodução
humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA),
Giuliano Bedoschi, “a transferência de embriões mosaicos pode ser indicada para
as pacientes que apresentem dificuldades para gerar um embrião euploide, ou
seja com uma composição cromossômica, especialmente pacientes que possuem uma
baixa reserva ovariana, ou para pacientes que já tiveram falhas em tratamentos
anteriores com, mesmo com embriões euploides”.
Na reprodução assistida, a transferência de embriões é realizada
após a realização de uma biópsia, que é feita durante o processo de
fertilização in vitro, onde, após fertilizado e atingido o estágio de
blastocisto, algumas células do torfectoderma são retiradas. Depois do exame,
eles são avaliados quanto à presença de alterações cromossômicas e os
denominados euplóides são selecionados para transferência.
Entretanto, embriões com baixo grau de mosaicismo podem ser
transferidos. O especialista afirma que a prática também tem os seus riscos e
precisa ser realizada por um médico geneticista, ou especialista em
aconselhamento genético.
Segundo Giuliano, o procedimento também pode gerar problemas
genéticos para o bebê, além da perda do feto durante a gestação. “Assim como
todo procedimento, observamos alguns riscos em sua realização, como os que incluem
o aumento do risco de aborto e a possibilidade de que a criança nasça com
alguma condição genética. Para que isso não ocorra, recomendo a inclusão do
aconselhamento genético e a discussão detalhada dos riscos e benefícios com o
médico responsável pelo tratamento”, disse.
Com o maior aparecimento da transferência de embriões mosaicos,
o especialista ainda ressalta os desafios que os profissionais da área de
reprodução assistida encontram na realização da técnica. “Temos que observar a
dificuldade de identificar a constituição cromossômica dos embriões
confiavelmente, a incerteza quanto aos riscos envolvidos na transferência dos
embriões mosaicos e a falta de consenso na comunidade científica sobre a melhor
abordagem para lidar com esses embriões”, finaliza.
No ano passado, a Associação Brasileira de Reprodução Assistida
(SBRA) trouxe para o debate o uso de dados de mil transferências de embriões
mosaico para formular um sistema de classificação de embriões para uso clínico.
O assunto foi discutido na segunda edição do Journal
Club, realizado pela entidade, com o intuito de
discutir artigos científicos.
Fonte: Associação Brasileira de Reprodução
Assistida (SBRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário