E há quem espera
essa época do ano para lotar o comércio em busca de promoções, aproveitando a
famosa campanha Black Friday, que antecede as compras natalinas. Um evento que
acontece no mundo todo desde 1980, cujo objetivo principal é encontrar
descontos consideráveis em produtos e serviços diversos.
Uma excelente
oportunidade para exercer um consumo consciente, consumindo apenas o que
realmente se está precisando, por um preço de mercado muito mais em conta.
Porém, o risco se
instaura quando o consumidor extrapola no consumismo, adquirindo além do que
precisa em termos de quantidades ou necessidade. Principalmente, para aqueles
que já receberam o diagnóstico fechado de Transtorno de Acumulação ou mesmo
compulsão por compras.
No caso do
Transtorno de Acumulação, ele surge com a grande dificuldade em descartar ou se
desfazer de posses, o que faz com que esse indivíduo acumule os objetos. Mas,
não confunda acumulador com colecionador, pois a grande diferença está no
sofrimento envolvido na vida do acumulador ao precisar se livrar de coisas de
pouco valor e também na forma como ele armazena, desorganizadamente estes
objetos.
O mais
desesperador é que, o acumulador não consegue perceber o quanto esse acúmulo é
excessivo. O fato de sentir angústia quando da possibilidade de jogar algo
fora, torna essa armazenagem, uma ação intencional.
Já os compradores
compulsivos, adquirem objetos constantemente, independente de precisarem
deles ou não. Isso porque, a compra em si, proporciona satisfação
instantânea e uma sensação de segurança ligada à ideia
de posse.
Juntam esta nova
posse à coleção de objetos acumulados, dando a ela desde
o início uma conotação emocional, dessa forma, não conseguem mais
se livrar dessa aquisição. Assim é gerado um círculo vicioso,
onde o acumulador compra, sente satisfação, liga-se ao objeto
e não pode deixá-lo mais, mas continua a experimentar um vazio
emocional (resultado da substituição da interação com pessoas, pela
interação com objetos) e supre este vazio comprando novamente. Essa é a
dinâmica envolvida na acumulação.
A maioria dos
acumuladores não reconhece a sua condição, sente que simplesmente tem
muitas coisas, gosta de comprar e possuir objetos para colecionar.
A gravidade desta situação é que, todo esse movimento se transforma
em uma bola de neve sem fim, que acaba absorvendo a vida útil
do acumulador.
Este, depois
de um tempo, tem a falsa ilusão de que os seus objetos são como uma
parte de si e sente que, fisicamente não pode ficar longe deles. Não existe uma
causa específica que justifique o seu surgimento, mas alguns comportamentos
também podem ser resultantes de problemas mentais, como: ansiedades, trauma,
depressão, transtorno de déficit de atenção ou hiperatividade, abuso de álcool,
ter sido criado em uma casa desorganizada, esquizofrenia, demência, compulsão
excessiva, alterações de personalidade, entre outros.
Portanto, a Black
Friday pode ser um gatilho para os consumidores compulsivos, agravando ainda
mais sua condição psíquica doente. Nestes casos, é preciso ajuda profissional
para evitar o consumismo e os impulsos de “TER” a todo custo, principalmente
nesta época do ano. Ou seja, não há problema em esperar o evento para comprar
um item que se esteja precisando, só é fundamental investir os recursos com
consciência e cautela para não alimentar um possível transtorno obsessivo
compulsivo por compras ou acumulação.
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