Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, estima-se que 22,4% da população adulta brasileira apresenta obesidade. A alta prevalência da doença mostra um panorama preocupante, já que ela costuma estar também associada a outras complicações, sendo um fator de risco, por exemplo, para vários tipos de câncer, problemas cardiovasculares, hipertensão e diabetes. Quando se fala em fertilidade não é diferente - o excesso de peso pode ser realmente um vilão da capacidade reprodutiva.
Segundo a ginecologista e obstetra, especialista em
Reprodução Humana e integrante da Famivita,
Dra. Mariana Grecco, o aumento do tecido adiposo, ou seja, a gordura corporal
em grande quantidade, pode levar a danos nas células, causados pelo acúmulo de
radicais livres, provocando o chamado “estresse oxidativo”. Tal contexto traz,
ainda, um processo crônico de inflamação ao organismo de homens e mulheres,
comumente atingindo a fertilidade, pois afeta o metabolismo, refletindo em
alterações hormonais significativas.
Para as mulheres, por exemplo, a Dra. Mariana
explicou que a obesidade pode atrapalhar o ciclo menstrual, o que inclui a
ausência de ovulação ou uma ovulação deficiente, diminuindo as chances de
engravidar. "Além disso, pode haver uma maior dificuldade para a
implantação do embrião no endométrio, que é o tecido que reveste a parte
interna do útero", acrescentou. Noutra frente do problema, alterações de
um hormônio conhecido como “leptina”, que é encontrado em grande quantidade em
mulheres com obesidade, também vêm sendo associadas à uma menor
fecundidade.
Alguns estudos apontaram, igualmente, que a
obesidade está ligada a uma redução dos resultados positivos em tratamentos de
reprodução assistida, conforme destacou a especialista da Famivita.
Em relação aos homens, o sêmen é como se fosse um
indicador da saúde do organismo deles e se há um desequilíbrio no corpo, como
aquele provocado pela obesidade, os gametas podem ser atingidos. "Por
isso, a qualidade seminal e a menor produção de espermatozoides estão entre os
impactos negativos, pois há uma alteração importante nos níveis hormonais
masculinos", disse a médica. Assim, esse cenário pode ocasionar, por
exemplo, uma menor produção de testosterona e, por conseguinte, a perda da libido
e a disfunção erétil.
Tenho obesidade: como posso
aumentar as chances de engravidar?
A Dra. Mariana Grecco pontuou que em boa parte dos
casos, o emagrecimento é capaz de restaurar a fertilidade. "Uma capacidade
reprodutiva adequada está definitivamente vinculada a uma nutrição
saudável. Praticar exercícios físicos e ter uma alimentação balanceada podem
ser as primeiras medidas para isso", afirmou. Algumas das intervenções
terapêuticas incluem o uso de suplementos e medicamentos, e a Dra. Mariana
também destacou o quanto agrega ao tratamento dispor de um acompanhamento
multiprofissional.
Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde
(OMS) descreve que os casais que não utilizam métodos contraceptivos durante 12
meses e não conseguem engravidar podem ser inférteis. Para mulheres acima de 35
anos, a recomendação de avaliação médica é a cada 6 meses de tentativas sem
resultado.
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