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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

ELEMENTOS BETA: O QUE SÃO E POR QUE A SUA EMPRESA DEVERIA SE IMPORTAR COM ELES

 As coisas estão de ponta-cabeça e esta é uma dura realidade, principalmente quando se trata de Brasil. Do lado de fora da firma, a taxa de juros continua nas alturas. O preço dos alimentos? Está mais elevado do que um arranha-céu. O valor da gasolina? Voando pela abóbada celeste. E a energia elétrica? Esta já ultrapassou a camada de ozônio, reinando absoluta no espaço sideral.

Com tanta conta para pagar, como fica a cabeça de quem está no mercado de trabalho? De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2022, 209.124 mil pessoas foram afastadas de seu ofício por conta de transtornos mentais. No maior número relatado desde o início da série histórica, uma coisa é fato: os trabalhadores não estão bem e precisam de socorro.

Mas será que dá para perceber quando um funcionário está no seu limite? Para o psicanalista britânico Wilfred Bion, pioneiro no estudo e aplicação de dinâmicas psicológicas em grupo, nem sempre o colaborador sabe que está apresentando sintomas de algum desequilíbrio emocional, uma vez que muitas destas manifestações são tão intensas que nem sequer foram elaboradas.

São os chamados elementos beta. Na visão do especialista, o bebê quando nasce não possui as suas faculdades psíquicas desenvolvidas para lidar com a elevação dos acontecimentos. Deste modo, se determinada situação for sentida como nociva para si, ele tenderá a jogar toda a carga emocional no ambiente externo, seja por meio do golfo, da saliva, da urina ou, ainda, das fezes.

Dependente quase que exclusivamente da mãe para suportar as coisas que sente, decodificar o que elas querem dizer e devolvê-las para si no formato de uma linguagem inconsciente que seja capaz de expressar apoio, amparo e segurança absoluta, o pequeno ser humano vai, aos poucos, ganhando tenacidade mental até que possua autonomia suficiente para pensar e sentir sozinho.

Sendo assim, quando tudo ocorre bem nesta etapa do psicodesenvolvimento infantil, que vai do nascimento à faixa dos 1,5 anos de idade, pode-se dizer que a criança já consegue trabalhar com elementos alfa. Ou seja, tendo aprendido com a sua genitora que uma onda pode ser uma marola, ela poderá usar o raciocínio para perceber o mundo com um senso maior de realidade.

Entretanto, se houve falha na passagem da função beta para a função alfa, ainda na infância, ou, se a envergadura dos fatores externos de um indivíduo adulto exigir além do que esta última consegue suportar, ele poderá entrar em processo de fragmentação, passando a se comportar novamente como um bebê que vive em um mundo repleto sensações e fantasias extremadas.

É neste ponto que muitos profissionais brasileiros se encontram. Com a função alfa operando no limite da capacidade, porque o desafio diário, seja ele corporativo ou pessoal, está cada vez mais exigente, eles não têm outra alternativa senão a produção de sintomas. Compete a você, gestor, identificar os sinais, entender o que eles querem dizer e partir para a ação. Vamos lá?

O primeiro indício de que um trabalhador está entrando em beta é observar os seus olhos. Se ao redor deles houver uma tonalidade vermelho escuro, parecendo que a região está mais vascularizada que o normal, atenção. Isto indica que os seus conteúdos psíquicos voltaram a operar em nível ocular, logo, o liderado precisará de ajuda para não entrar em surto psicótico.

Acabou de passar uma instrução para uma atividade de alta importância, mas o liderado não memorizou quase nada do que foi dito? Fique esperto. A memória, aspecto importante para a construção do pensamento alfa, fica ligeiramente prejudicada quando se está em beta. Se este for o caso, certifique-se de passar instruções por escrito enquanto durar a crise do funcionário.

A pessoa tinha um vocabulário rico e fluente, mas passou a se expressar de forma simples, como se faltassem palavras? Outra interferência de beta. Disruptivas em essência, as emoções beta podem destruir a forma como a psique entrelaçou a sua cadeia de significantes, gerando falhas simbólico-linguísticas. Caberá a você ter paciência para realfabetizar as dores do seu liderado.

Precisou se deslocar até o outro departamento para uma reunião, porém, no caminho, percebeu que o seu subordinado só faltou tropeçar nos próprios pés? Não é labirintite, não. A inteligência espacial é uma das expertises que apenas a função alfa consegue processar devido à quantidade de estímulos captados em sua altitude. Logo, se fulano cambalear, prepare rápido o tratamento.

Por fim, se as ocorrências acima não estiverem presentes, mas os indicadores de performance do seu time estiverem despencando lá do pico da montanha corporativa, não espere para agir. Volte as atenções para sua equipe, peça para falar com cada um individualmente e se prepare para suportar o que eles têm a dizer. Afinal, para toda meta, sempre existirá um elemento beta.

 

Renan Cola -psicanalista, Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em Marketing e Gestão Comercial pela Universidade Vila Velha (UVV), em Psicanálise pelo instituto IBCP Psicanálise e em Gestão Empresarial e Gestão de Pessoas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), o psicanalista possui 17+ anos de experiência utilizando a psicologia profunda aplicada à mercadologia para construir estratégias de marca para empresas de todo o Brasil, dos pequenos aos grandes negócios. Ao longo da carreira, escreveu artigos para veículos comunicacionais de ampla abrangência, como: Psique, Mistérios da Mente, Estado de Minas, O Tempo, Hoje em Dia, Diário do Nordeste, Administradores, Empresas & Negócios e Novo Varejo.



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