Onça-pintada (Panthera onca) é classificada como
espécie vulnerável pelo Ibama
Pixabay
No topo da lista entre 18 países megadiversos do mundo, Brasil tem mais de 1.200 espécies de animais com algum risco de extinção
Especialistas ressaltam a importância de conservar os
biomas para garantir a preservação da biodiversidade brasileira
Árvores são essenciais para garantir água, alimentos, oxigênio, energia, bem-estar e para a adaptação às mudanças climáticas
Duas
datas importantes para o calendário ambiental são celebradas nesta semana: o Dia
Nacional da Árvore (21/9) e o Dia Nacional da Defesa da
Fauna (22/9). As datas interligadas remetem à importância do
uso sustentável de recursos naturais, assegurando a conservação da
biodiversidade nos diferentes biomas no Brasil. Produção
de oxigênio, sequestro de carbono da atmosfera, melhora da umidade relativa do
ar, “produção” de água e alimentos e combate à erosão do solo são alguns dos
inúmeros benefícios e serviços ecossistêmicos garantidos pelas árvores e
florestas em nosso planeta. Além
disso, as árvores são habitats para diversas espécies de animais e fornecem
alimentos para inúmeros organismos vivos, inclusive os seres humanos. “As
árvores têm valor inestimável para a nossa vida. Sem elas não seria possível
manter condições de vida para milhares de espécies, não teríamos o
abastecimento de água e energia e, naturalmente, nem poderíamos exercer a
maior parte das atividades econômicas. As árvores também são cada vez mais
necessárias nas cidades para a adaptação às mudanças climáticas e fazem parte
de esforços no mundo todo para melhorar a qualidade de vida da população”,
afirma Cecília Herzog, membro da Rede de Especialistas em Conservação da
Natureza (RECN), professora e pesquisadora do Departamento de Arquitetura e
Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Brasil,
país megadiverso O
Brasil, que está no topo da lista dos 18 países considerados megadiversos no
mundo pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), abriga
entre 15% e 20% de toda a diversidade biológica global. O país possui mais de
120 mil espécies de animais invertebrados, mais 8.900 espécies de vertebrados
e mais de 4 mil espécies de plantas, segundo dados do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Nossa fauna contém 734 mamíferos,
1.982 aves, 732 répteis, 973 anfíbios, 3.150 peixes continentais e 1.358
peixes marinhos. Mesmo
com condições naturais tão favoráveis para tamanha biodiversidade, o Brasil
enfrenta desafios para evitar a perda de espécies. O Sistema de Avaliação do
Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), plataforma digital
lançada em agosto de 2023 pelo ICMBio, aponta que 1.253 espécies de animais
sofrem algum risco de extinção no país, nas categorias vulnerável, em perigo
ou criticamente em perigo. Mudanças climáticas, desmatamento, incêndios
florestais, poluição do ar, do solo e das águas são os principais fatores que
ameaçam as espécies em nossos biomas. A gerente
de Soluções de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário,
Marion Silva, salienta que a regeneração das florestas e a
proteção da fauna caminham juntas. “A fauna é de extrema importância para os
processos naturais de regeneração da floresta. Os animais carregam sementes e
pólen para áreas desmatadas e contribuem bastante para o processo de
regeneração de áreas naturais. Quanto mais espécies diferentes de animais
tivermos em uma área, mais eficiente será este processo de regeneração”,
explica. 33
anos de compromisso com a conservação da natureza Neste
mês de setembro, a Fundação Grupo Boticário completa 33 anos de atuação em
prol da conservação da natureza e da biodiversidade no Brasil. Uma das
fundações empresariais brasileiras mais atuantes na causa ambiental, a
instituição já apoiou cerca de 1.700 projetos ao longo de sua trajetória,
beneficiando mais de 500 unidades de conservação no país. Os projetos de
pesquisa apoiados pela Fundação resultaram na descoberta de mais de 170
espécies da fauna e da flora no Brasil. A
Fundação Grupo Boticário também é responsável pela preservação de 11,8 mil hectares
em suas reservas naturais na Mata Atlântica e no Cerrado,
dois dos biomas mais ameaçados do País, que representam espaço equivalente a
70 Parques do Ibirapuera, e contribuem para a preservação integral de
ecossistemas, proporcionando a diversas espécies a oportunidade de continuar
vivendo em seu habitat natural. A
Reserva Natural Salto Morato, localizada em Guaraqueçaba (PR), é reconhecida
pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e está inserida no maior
remanescente contínuo da floresta no Brasil, a Grande Reserva Mata Atlântica
(GRMA). A área preservada de 2.253 hectares contribui para a conservação
desse bioma em que vive mais de 70% da população brasileira. A reserva, que
ajuda a preservar espécies que existem apenas ali, várias delas ameaçadas de
extinção, é aberta à visitação, atraindo pesquisadores e observadores de
aves, além de turistas de diversos estados e países. A
Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante (GO), está localizada quase
na divisa com o Tocantins. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a
área preservada está em uma região de prioridade extremamente alta para a
conservação da biodiversidade. Possui uma área de 8.730 hectares, equivalente
a 9 mil campos de futebol, no Cerrado brasileiro, bioma que abriga as
nascentes de bacias hidrográficas importantes, como Tocantins-Araguaia,
Platina (Paraná, Paraguai e Uruguai) e do São Francisco. A reserva é mantida
pela Fundação desde 2007. “A
manutenção das áreas traz uma série de benefícios para toda a sociedade,
especialmente por meio de serviços ecossistêmicos fornecidos pela natureza,
como a proteção a nascentes, garantindo a qualidade de recursos hídricos”, analisa
Marion Silva. Outros benefícios fundamentais são a
geração de ICMS Ecológico para os municípios onde as reservas estão
localizadas, o conhecimento científico gerado a partir de diversas pesquisas
de campo e o desenvolvimento socioeconômico do entorno, especialmente por
meio de atividades de turismo ecológico, bastante desenvolvido na região da
reserva Salto Morato. |
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