O Sudão, país africano que também é o mais novo no mundo, tendo surgido em 2011, vem sendo assolado por uma guerra civil que, desde o começo de 2023, tem gerado milhares de vítimas de violência e morte todos os dias, em sua grande maioria civis. Isso se dá pelo conflito instaurado entre o líder das Forças Armadas Sudanesas, Abdel Fattah al-Burhan, e o comandante dos grupos paramilitares denominado Forças de Apoio Rápido (RSF, sua sigla em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo. Ambos trabalhavam juntos para derrubar o antigo regime de Omar al-Bashir, tentando uma nova administração para o governo do país.
Entretanto,
após o golpe organizado por Burhan e Dagalo em 2019, algumas objeções foram
surgindo de ambas as partes a respeito da nova administração, elevando o nível
de tensão entre as figuras militares sudanesas. O estopim da atual guerra civil
se deu no processo de anexação da RSF nas Forças Armadas, gerando uma série de
incógnitas sobre quem iria comandar as tropas. Em consequência, no dia 15 de
abril de 2023, a cidade de Cartum, capital do Sudão, foi bombardeada dando
início ao conflito que já se estende há mais de quatro meses.
Essa
guerra, como todas, vem com vítimas. Nesse caso, como infelizmente é comum
nessa região do mundo, a maior parte das mortes são de civis: crianças, idosos,
jovens e todos aqueles que se encontram em meio aos centros de combate. Segundo
a ONU, cerca de quatro mil pessoas foram mortas durante esses meses de guerra,
incluindo trabalhadores humanitários. A OIM (Organização Internacional para
Migrações) declarou que mais de três milhões de pessoas abandonaram suas casas
e se tornaram refugiadas, buscando abrigo em outros países. Além disso,
milhares de famílias que não tiveram a oportunidade de sair do Sudão terão de
enfrentar diversas crises, como a falta do abastecimento de água, mantimentos e
a igualmente cruel falta de medicamentos e tratamentos médicos em geral. Nos
últimos meses, hospitais e centros médicos têm sido bombardeados com
frequência.
Em
meio às crises – afinal, na região do Sahel não é apenas o Sudão que padece –
alguns Estados se propuseram a auxiliar o Sudão e seus vizinhos por meio de
ajuda monetária. Os Estados Unidos enviaram cerca de US$ 245 milhões, e a ONU,
além da ajuda humanitária com voluntários, arrecadou cerca de US$ 3 milhões
para auxiliar na alimentação e saúde de milhares de pessoas que se encontram em
situação de vulnerabilidade por conta dos eventos desses últimos meses.
Por
enquanto, não há previsão para o término desse conflito, pois os oponentes se
mostram dispostos a continuar o combate até as últimas consequências. No
entanto, há uma disparidade no número de combatentes entre o exército da RSF em
relação ao das Forças Armadas: enquanto o número de soldados da RSF beirava os
70 mil no início do conflito, as Forças Armadas possuíam cerca de 240 mil
combatentes, o que deverá ser um fator determinante para o cessar desse embate.
Entretanto, números oficiais são impossíveis de obter e, da mesma forma que o
final do conflito é incerto, incerto também é o futuro dos milhares de
sudaneses que vivem, há décadas, em meio ao caos.
Lúcia Marya Mendes da Rocha - aluna do curso de Relações Internacionais e membro do Observatório Global da Universidade Positivo (UP).
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