Pesquisa do CEUB
abre caminho para métodos sustentáveis de controle da proliferação do mosquito
causador da dengue, zika e chikungunya
A natureza oferece antídotos poderosos. Estudo realizado por estudante de
Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB) trouxe novas
perspectivas no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como
dengue, zika e chikungunya. Desenvolvido por Clerrane Santana, a pesquisa
revela o efeito larvicida de extratos de plantas, como o cajuzinho do cerrado
(Anacardium humile) e alecrim (Rosmarinus officinalis), explorando alternativas
complementares aos inseticidas químicos convencionais.
No Brasil, o controle vetorial do Aedes aegypti é
uma questão de saúde pública. No entanto, a resistência dos mosquitos aos
inseticidas químicos e os impactos ambientais associados ao seu uso são um
desafio constante. Diante dessa problemática, a estudante do CEUB se propôs a
explorar o poder das plantas no combate a esse mosquito.
Para o estudo, foram utilizadas larvas de Aedes
aegypti em estágio de desenvolvimento 3, que foram expostas a extratos
etanoicos de cajuzinho do cerrado e alecrim. Tais extratos foram obtidos por
meio do método de maceração com agitação em etanol 96º. Para realizar o
experimento, o ativo foi implementado em placas de Petri, onde as larvas foram
expostas aos extratos em concentrações de 1% e 2%, diluídos em água destilada.
Também foram estabelecidos grupos de controle, sendo um com apenas água
destilada e outro com água sanitária comercial, conhecida por seu efeito
larvicida.
Os resultados foram promissores: 0 extrato de
cajuzinho do cerrado apresentou um efeito larvicida semelhante ao da água
sanitária na concentração de 2% em 12 e 24 horas de exposição. Já o extrato de
alecrim não apresentou diferença estatística significativa em relação ao grupo
controle nas concentrações testadas. No entanto, nas primeiras 12 horas, o
alecrim demonstrou ser mais eficiente do que a água sanitária, com uma taxa de
mortalidade de 85% em comparação aos 78% do controle convencional.
Francislete Melo, professora de Ciências Biológicas
do CEUB e orientadora do projeto, explica que a fitoterapia trabalha com uma
mistura de componentes: "Acredita-se que seja a interação dessas moléculas
que cause o efeito desejado. Os extratos testados são ricos em compostos
fenólicos, que já são conhecidos por suas propriedades larvicidas”.
A pesquisadora Clerrane Santana destaca que a
aplicação doméstica de extratos de plantas, como o alecrim, apresenta-se como
uma alternativa simples, natural e de baixo custo para o controle das larvas do
mosquito. Ela indica como estratégia complementar às medidas de controle já estabelecidas
pelos órgãos de saúde. "Os resultados abrem caminho para a implementação
de métodos mais sustentáveis e eficientes no combate ao Aedes aegypti,
contribuindo para a redução das doenças transmitidas por esse vetor e para a
preservação do meio ambiente", completa.
Infecções por Aedes aegypt
O Brasil registrou 173 mortes por dengue em 2023, com uma média de 2 mortes por
dia, de acordo com relatório epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde.
4.231 notificaram casos da doença, totalizando 584.113 casos prováveis de
dengue em apuração. O levantamento aponta que outras 234 mortes ainda estão em
investigação. Comparado ao mesmo período do ano anterior, houve um aumento de
41% no número de casos. Em março, houve um pico significativo, com 45.442 casos
em apenas três dias.
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