A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde mental
como "um estado de bem-estar em que o indivíduo percebe suas próprias
habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma
produtiva e frutífera e é capaz de dar uma contribuição para sua
comunidade". O termo é usado para descrever o nível de qualidade de vida
cognitiva ou emocional. A saúde mental pode incluir a capacidade de um
indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os
esforços para atingir a resiliência psicológica. (Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay)
Definido o conceito de saúde mental, pergunta-se: como medir
a saúde mental? Como alguém da área de Excelência Operacional,
as definições operacionais são importantes, mas precisam vir associadas aos
indicadores. E, pesquisando trabalhos na área, percebi que a única forma de
medir a saúde mental é por meio da falta de saúde, ou seja, número de registros
de depressão. Fora isso, não encontrei um indicador que meça o nível de saúde
mental de uma pessoa. E, para atestar depressão, é necessário o diagnóstico de
um médico.
Dessa forma, pode-se demorar muito até que o colaborador
se sinta mal o suficiente para procurar ajuda profissional. E, mais ainda, para
conseguir o diagnóstico de depressão. Dado essa latência, quero utilizar esse
espaço para compartilhar alguns indícios que, apesar de não diagnosticados,
podem contribuir para uma deterioração da saúde mental. E, persistindo,
conduzir até uma eventual depressão.
Expectativa, fatos e verdades
A primeira coisa dura, mas importante, é alinhar a
expectativa com a realidade. Antes de ser pai, a minha saúde mental era
alcançada quando tudo estava no lugar. A empresa deveria estar estabilizada e
com o faturamento garantido pelos próximos 3 meses. Além disso, o plano
alimentar e de exercícios físicos tinha de estar evoluindo. E, para fechar, a
família deveria dispor de ótima saúde. Negócios, saúde e família deveriam estar
em pleno funcionamento para que eu pudesse me dar o direito de relaxar. Mas,
quando a vida evolui, o cenário de plenitude começa a ficar mais complicado.
Casando, a sua plenitude começa a sofrer interferência do
cônjuge. Se a pessoa que está ao seu lado está mal, a sua tranquilidade começa
a sofrer impacto e o mesmo vale para a companheira. Estando mal, irá afetá-la.
Com a chegada dos filhos, a complexidade torna-se ainda maior. A criança é uma
obra em construção cujo prazo para conclusão ultrapassará 20 anos. E qualquer
quebra de expectativa passará por um doloroso processo de análise da causa
raiz, que na maioria das vezes recai na falta de disciplina dos pais. Não
importa que a causa não seja essa, mas será o padrão mais utilizado.
Todas as variações no trabalho serão amplificadas, pois os
desdobramentos afetam diretamente sua família. Aumento de salário? Ótimo, todos
vão usufruir das melhores condições. Demissão? Todos serão prejudicados ou,
pelo menos, sentirão a sua ansiedade. E, claro, filho doente? Sua produtividade
cairá de forma significativa e, às vezes, isso afetará seu desempenho e, quando
seu filho melhorar, seu trabalho estará pior. Por isso, é importante aprender a
filtrar a variação, para não ampliá-la.
Acredite, sua plenitude precisará ser alcançada sem que
tudo esteja no melhor cenário possível.
Terá de usar a energia de um, para encarar o desafio do outro. Sem isso,
a sua saúde mental poderá ir se deteriorando, pois você começará a sentir que
não tem nada sob controle. E, claro, quanto maior for a sua
disciplina e a sua capacidade de se manter motivado, maior serão as chances de
manter as coisas sob controle e sua saúde mental em dia.
Cuidado com os desvios
Para tentar deixar os pratos em equilíbrio, é fundamental
se blindar das pressões. Como mencionei, se deixar sua ansiedade transparecer,
rapidamente haverá um contágio. Se, na empresa, a pressão subir para níveis
inaceitáveis, como trabalhar fora do expediente ou sem hora chegar em casa, sua
família vai sofrer. Se os membros dela não o apoiarem, você não conseguirá
lidar e uma falha catastrófica acontecerá. E, ainda, se a família esticar
demais os gastos ou a sua exigência de tempo e atenção, será impossível manter
a dedicação ao trabalho. Neste caso, para não perder o colaborador, o negócio
precisa pisar em ovos e ajudá-lo a equilibrar a balança. Não fazendo isso, mais
uma vez, falhas acontecerão e podem culminar em consequências, como uma
demissão.
Na minha percepção, estabelecer limites e acordos claros é fundamental
para a manutenção de sua saúde mental. Quando estava num
trabalho com mensagens e e-mails que chegavam todo domingo para ajustes inúteis
nas apresentações da semana, pedi demissão. E, quando senti que o
relacionamento me pressionava para ir contra as minhas metas e valores,
terminei. Apesar de duras, essas duas decisões foram acertadas. E hoje, quase
aos 40, vejo o quanto foram e ainda são importantes.
Para
viver bem, determine acordos justos e os reveja a cada mudança na sua vida. Seja firme. Qualquer desvio neles o levarão à exaustão e
a deterioração de sua saúde mental.
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