Quando minha esposa engravidou, uma onda de emoções conflitantes me invadiu. Embora tentasse parecer confiante, a verdade é que a paternidade despertou dúvidas e temores em mim.
Eu questionava se estava preparado para ser pai e
se era o momento certo. Medos em relação às novas responsabilidades e mudanças
na dinâmica familiar me atormentavam. Sentia uma invasão em minha esfera
pessoal e me culpava por não ser tão generoso quanto gostaria. Tudo isso me
causava vergonha.
Durante algum tempo, escondi essa agitação interna,
mas em uma noite, decidi ser sincero e expor meus medos à minha companheira de
vida. Confessei que não tinha certeza se estava preparado para ser pai, devido
à falta de tempo e às demandas que um filho traria. Estava disposto a aceitar a
ideia de ter filhos, contanto que ela assumisse a maioria das
responsabilidades.
Essa confissão desafiou nossa dinâmica como casal.
Sempre acreditei em um casamento igualitário, onde minha esposa tivesse as
mesmas oportunidades de carreira que eu. Valorizava seu impacto positivo nas
pessoas ao seu redor e estava disposto a dividir as tarefas domésticas. Porém,
ao perceber que teríamos mais responsabilidades com a chegada dos filhos,
senti-me sobrecarregado. Sabia que transferir todas as responsabilidades para
ela seria prejudicial ao relacionamento.
Em uma conversa franca, ela me questionou e deixou
claro que eu também deveria assumir minha parcela de responsabilidade na
criação dos filhos. Suas palavras tocaram meu coração. Percebi que tinha medo,
mas desejava ser um pai presente e participativo. Ela também me tranquilizou,
segurou minha mão e compartilhou suas próprias inseguranças em relação à
maternidade. Compreendi que precisava fazer minha parte. Essa conversa marcou
uma virada em nossa jornada.
Essa conversa trouxe à tona a verdadeira essência
de nosso relacionamento. Embora minha esposa demandasse tempo, amava cada
minuto que passávamos juntos. Agora conseguia imaginar que sentiria o mesmo
amor e gratidão com nossos filhos. Eles certamente exigem o meu tempo, mas
estou certo de que cada momento ao lado deles é uma dádiva.
René
Breuel - um escritor
paulistano que mora em Roma, na Itália. Autor da obra Não é fácil
ser pai (Mundo Cristão), possui mestrado em Escrita Criativa e
em Teologia. É casado com Sarah e pai de dois meninos, Pietro e Matteo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário