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Participantes de reunião de avaliação da conjuntura econômica, organizada pela ACSP, questionaram a falta de compromisso do governo com o controle dos gastos
A dificuldade do governo em
reduzir o gasto público e uma reforma tributária ainda enigmática sugerem um
cenário preocupante de aumento da carga tributária, de acordo com executivos de
empresas de diferentes segmentos que participaram da reunião de avaliação da
conjuntura, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na última quinta-feira
(27).
Há indicadores positivos na
economia, reconhecem os participantes da reunião. A inflação está controlada, a
taxa básica de juros, a Selic, deve começar a ser reduzida no próximo mês, o
mercado de trabalho segue em recuperação e as injeções de dinheiro na economia
via programas de transferência de renda devem aquecer o consumo.
Em contrapartida, o
endividamento das famílias é preocupante. Destaca-se que levantamento recente
da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontou que há 71,5 milhões de
inadimplentes no país, ou seja, cerca de 33% da população está
negativada.
Além disso, a valorização do
real, embora seja positiva internamente, diminui a rentabilidade do
agronegócio, setor que tem sustentado o crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) do país. O agro também enfrenta queda de preços no mercado
internacional.
Segundo empresários do setor
presentes à reunião de avaliação da conjuntura, comparativamente aos anos
anteriores, a contribuição da agricultura e da pecuária na economia vai
diminuir, gerando impacto negativo nas indústrias que produzem com insumos do
campo.
Há também graves problemas de
infraestrutura no campo, especialmente relacionados ao armazenamento. As
produções de soja e milho serão recordes. Para a safra de 2024 são esperadas
163 milhões de toneladas de soja, superando a dos Estados Unidos. Mas não há
silos para estocar esse volume. No caso do milho, parte da safra atual está sob
lonas, sujeita às intempéries.
Este ponto leva a outra
preocupação dos participantes da reunião da ACSP, que é a falta de
investimentos do governo em infraestrutura, algo necessário para reduzir o
Custo Brasil.
No entendimento dos empresários
presentes à reunião, os investimentos governamentais são limitados pelo
desequilíbrio das contas públicas. Para eles, embora o ministro Fernando
Haddad, da Fazenda, tenha mostrado comprometimento com a redução dos gastos, de
maneira geral o governo não tem se empenhado em cortar despesas.
No primeiro semestre, o rombo
nas contas públicas foi de R$ 42,5 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo
Tesouro Nacional. O governo considera aceitável terminar o ano com um déficit
abaixo de R$ 100 bilhões.
Diante desse cenário complexo,
que tem como um dos protagonistas a reforma tributária, a percepção dos empresários
é que o equilíbrio dos gastos públicos será tentado via aumento de impostos, ou
redução de subsídios, o que é menos provável.
A pedido da ACSP, os nomes dos
participantes da reunião de avaliação de conjuntura não são divulgados.
Redação DC
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/empresarios-temem-que-equilibrio-fiscal-dependa-de-aumento-de-impostos
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