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sábado, 27 de maio de 2023

Pare de repetir comportamentos e saia do ciclo vicioso

Psicanalista alerta que é preciso revisitar essa condição

 

Já se pegou cometendo os mesmos erros? Agindo da mesma forma que um dia, você disse a si mesmo que não faria jamais? Repetindo formas falidas de relacionamentos abusivos e tóxicos?

 

Então, muito se fala da autopunição e dos chicotes imaginários, com os quais usamos para nos culparmos por repetições de comportamentos, situações ou emoções destrutivas: os chamados ciclos viciosos.

 

Mas eles se repetem porque não estamos totalmente “curados”. A consciência não foi completamente assimilada para que o ciclo não se instaure novamente.

 

No entanto, a culpa que imputamos a nós quando percebemos que estamos, novamente, fazendo as mesmas coisas, é na verdade uma tentativa interna de alívio da sensação ruim.

 

Uma maneira de nos sentirmos melhores apesar dos erros. Tentando demonstrar que se está errando de novo, mas não queria estar agindo assim.

 

Como se, a sua culpa se fosse eliminada neste momento. Mas assumir uma culpa e não tomar atitude de mudança, de nada adianta para que o ciclo seja quebrado.

 

No fundo do nosso inconsciente, agimos desse modo para assumir para nós mesmos que não somos pessoas tão perversas, tão cruéis ou tão ingênuas. O que não minimiza os impactos e ações que nos prejudicam.

 

Essas punições são na verdade, manipulações que criamos para nós e para o outro, objetivando um alivio interno e a valorização desta falta de atitude em agir em prol de uma verdadeira mudança. Existe, portanto, uma necessidade real de alteração desse comportamento.

 

Continuar fazendo as mesmas coisas, da mesma maneira ou vivenciando situações que causam a culpa no final, para criar justificativas eternas, não ajudam no aprendizado, e de fato não nos confrontam com o real motivo da repetição.

 

As perguntas investigativas são de extrema importância no processo de eliminação de atos repetitivos e, consequentes, punições imaginárias, através de culpas impostas. Ou seja, indagar-se faz total diferença nesta busca pelo encerramento de ciclos.

 

Experimente perguntas do tipo: Por que errei? Por que sempre estou agindo desta forma? Por que repito sempre os mesmos tipos de relações? Sempre o mesmo perfil de pessoas? O que me faz me perder? Ou porque perco o controle da situação, se eu já cometi o mesmo erro antes?

 

De forma paciente, a curto ou a longo prazo, essa investigação tende a trazer a correção, encerrando o ciclo, e confrontando o seu “eu” para que não caiba mais dentro do papel de vítima.

 

Se culpar pelos erros e repetições apenas, não é uma ação produtiva. É preciso aprender a não sofrer e não se punir sem tomar atitudes que, de fato modifiquem esse processo.

 

É preciso revisitar a situação que gera o desconforto e investigar suas reais motivações.

 

A transformação interna e pessoal requer atitude. Requer um desejo de mudança. Não se justificar através da culpa e assumir os riscos de uma correção, é a maneira mais sensata para evitar com que essa roda continue a girar como em outras situações anteriores.

 

Enfim, o correto é se auto responsabilizar, investigando seu inconsciente. Questionando e buscando respostas verdadeiras sobre quais motivações aplicadas, até se conseguir perceber a razão de ser dos sentimentos, emoções e comportamentos.

 

Pare de se lamentar. A chave do sucesso desta ruptura é o autoconhecimento. Só através dele, permite-se que, a aplicação correta da inteligência emocional seja capaz de enfraquecer suas resistências e limitações para dar lugar às transformações positivas no alcance de um equilíbrio emocional.                

     

 

Dra. Andréa Ladislau - psicanalista, graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.


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