Francisco Gomes Junior, advogado especialista em direito digital, explica como fraude acontece e quais as medidas protetivas
Segundo a consultoria de cibersegurança NordVPN, mais de 144 mil cartões de pagamentos foram ‘roubados’ no Brasil e colocados à venda na dark web. Esse número coloca o Brasil como o campeão de golpes com cartões na América do Sul e em 5º lugar entre os países que mais sofrem com roubos e fraudes no mundo.
Ainda de acordo com a consultoria, os cartões são
colocados à venda na dark web (a internet subterrânea que opera com redes
anônimas e não rastreáveis) por um preço médio de 42,25 reais. Atualmente,
existem 92 mil cartões brasileiros disponíveis e à venda ilegalmente.
De acordo com Francisco Gomes Junior, advogado
especialista em direito digital e presidente da ADDP (Associação de Defesa de
Dados Pessoais e Consumidor), os dados alarmantes da quantidade de cartões à
venda reforçam a importância de cuidar melhor dos dados pessoais. “Para colocar
esses cartões em circulação, os golpistas conseguiram recolher inúmeros dados pessoais
das vítimas, como nome, endereço, telefone, e-mail, ou seja, ao
disponibilizarmos nossos dados pessoais na internet, sem muito critério, nos
sujeitamos a que eles sejam capturados e utilizados em fraudes”.
Segundo a NordVPN, a arrecadação com a venda dos
cartões fraudados pode gerar aos cibercriminosos cerca de 18,5 milhões de
dólares, o equivalente a 93 milhões de reais. Para a confecção desses cartões,
os golpistas recolhem os dados pessoais das vítimas disponíveis na internet,
muitas vezes por meio de phishing, o link em que a vítima clica
e permite o acesso a dados armazenados em seu celular ou computador.
As dicas para evitar ser vítima do golpe do cartão
são conhecidas, como ter senhas fortes em seus aparelhos, sempre utilizar a
verificação em duas etapas, tomar cuidados especiais com aplicativos bancários
e somente autorizar operações financeiras após checar com seu banco e gerente,
além de ter um software anti-malware instalado.
“Apesar de dicas de segurança serem conhecidas, as
pessoas continuam caindo em golpes. Isso porque os bandidos se utilizam de
artimanhas como a engenharia social (uma conversa convincente que conquista a
confiança da vítima), além da simulação da verdade (que usa títulos como fraude
bancária, prova de vida INSS, verificar seu auxílio ou bolsa família, dentre
outros) e do senso de urgência (você deve fazer algo imediatamente para evitar
uma fraude ou maior risco). Ou seja, simples dicas não se mostram suficientes
para inibir os golpes”, complementa Gomes Júnior.
De fato, do levantamento efetuado pela consultoria
de cibersegurança, em análise de 6 milhões de cartões encontrados na dark web
constatou-se que 67% deles vem com informações privadas das vítimas, como
endereço, telefone e e-mail.
“Muitas pessoas, que inclusive nem entendem muito
de golpes digitais, repetem dicas diariamente nas plataformas. Isso não está
ajudando, a não ser na promoção dos próprios perfis. Está na hora de ouvir
especialistas para conselhos mais contundentes. Um exemplo: não faça nenhuma
operação bancária por telefone, dentre tantas outras que se mostrem efetivas e
não apenas um lugar comum”, finaliza o especialista.
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