Professora de nutrição do CEUB alerta para a importância de um diagnóstico precoce e do monitoramento da doença
Uma doença silenciosa que atinge 2 milhões de
brasileiros, a maioria deles ainda sem conhecer o próprio diagnóstico, e que
afeta pessoas de todas as classes sociais e grupos étnico-raciais. Essa é a
Doença Celíaca, que pode gerar diarreia crônica, perda de peso, distensão
abdominal, deficiência de ferro e anemia, carência de vitaminas B9 e B12, entre
outros distúrbios. Segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do
Brasil, de cada oito pessoas que possuem a doença, apenas uma tem o
diagnóstico.
Para chamar a atenção para o problema e para os
cuidados que as pessoas celíacas demandam, foi criado o Dia Internacional dos
Celíacos, celebrado no 3º domingo de maio (este ano a data acontece no dia 21).
Pollyanna Ayub, nutricionista, mestre em gerontologia e professora do curso de
Nutrição do CEUB, explica que a doença não é de fácil diagnóstico. “É
importante, primeiramente, procurar ajuda médica para realização do
diagnóstico, pois quanto mais ágil for a sua identificação, melhor será a
evolução”, destaca. “O processo será conduzido a partir de sinais e sintomas,
com a realização de exames sorológicos. Porém a endoscopia, com biopsia, pode
ser indicada pelo médico, pois esse exame é considerado um padrão-ouro”,
acrescenta Pollyanna.
Esta é uma doença autoimune caracterizada por um
processo inflamatório que acontece na mucosa do intestino e leva a uma série de
manifestações, como: atrofia das vilosidades intestinais, má absorção de nutrientes
e como consequência uma possível desnutrição. O problema é desencadeado pela
exposição ao glúten, principal fração proteica presente no trigo, cevada e
centeio. Essas proteínas são resistentes à ação das enzimas digestivas, nos
pacientes celíacos, e desta forma levam a uma resposta imunológica.
Para evitar a manifestação da doença, o celíaco
deve adotar uma dieta isenta de glúten (ou seja, livre de alimentos preparados
com trigo, cevada e centeio). A professora do CEUB lembra, no entanto, que isso
não é suficiente, pois o alimento pode ser contaminado no momento do preparo, a
chamada contaminação cruzada. “O paciente precisa fazer um acompanhamento
nutricional e, a partir daí, adotar uma dieta rica em alimentos in natura ou
minimamente processados, com legumes, frutas, cereais, leguminosas e carnes”,
comenta Ayub.
“O nutricionista tem um papel importante dentro da
equipe multiprofissional, através de uma anamnese detalhada e uma avaliação
nutricional que envolve a verificação do consumo alimentar; análise da
composição corporal; sinais e sintomas; e interpretação dos exames bioquímicos.
Desse modo, a dieta será calculada com essas informações, sem deixar de levar
em conta a questão econômica, cultural, aversões, atividade física,
preferências alimentares e fase da vida na qual esse paciente se encontra
(criança, gestante, idoso)”, acrescenta a professora do CEUB.
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