Entrar na ambulância,
medir a pressão, achar uma veia e até intubação são mais difíceis
4
de março é o Dia Mundial da Obesidade
“Pacientes com índice de massa corporal (IMC) muito altos, acima de 40, enfrentam uma série de dificuldades seja na emergência médica, durante uma internação, na realização de exames ou mesmo durante consultas periódicas. É preciso um olhar especial para esses pacientes”. O alerta é do Dr. Marcio Mancini, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP)
Dr. Mancini chama
atenção para as dificuldades que começam durante o transporte
na ambulância: uma pessoa com 250kg precisaria, pelo menos, de 10 indivíduos
para carregá-la para dentro do veículo que, em tese, deveria ter uma maca
de tamanho apropriado para este perfil de paciente. Mas além dessa dificuldade
operacional do atendimento, é preciso examinar a pessoa que, em razão da
obesidade elevada, pode ter doenças ‘escondidas’.
“Muitas vezes não
se consegue sequer fazer a ausculta direito. No caso dos
exames radiológicos, o raio x convencional tem uma
penetração baixa e dificuldade de visualização nessa pessoa. A mesma coisa
acontece com o ultrassom ou a tomografia computadorizada: os aparelhos têm
limites de peso, na maioria suportam até 200 kg. Mas existe o limite do
diâmetro do pórtico da tomografia, que pode ser de 70cm a 90cm, ou seja,
diâmetros limitados para a pessoa com IMC muito alto entrar no aparelho”,
comenta o especialista.
Dr. Mancini
explica que a mesma coisa acontece na ressonância magnética, pois o
limite de peso das mesas em geral é de até 160 kg. “Um paciente com obesidade
importante pode precisar emagrecer se necessitar de uma radioterapia, pois o
aparelho tem limites de peso e diâmetro e aí temos de cuidar do paciente com
foco na perda do peso para depois poder tratar do tumor. Isso é sério”.
Condutas
simples como medir a pressão, no
caso destas pessoas, requer preparo, já que se faz necessário um manômetro
diferenciado por causa da circunferência do braço. Uma punção
venosa também fica dificultada, pois o acesso venoso é mais
complicado; sem falar nos casos de cirurgia e tempo cirúrgicos, também
afetados pelo excesso de gordura.
E
quando o paciente precisa de intubação?
A pessoas com
obesidade podem ter apneia do sono e uma condição respiratória ruim. “Uma pneumonia
ou embolia pulmonar vai ser mais grave numa pessoa com obesidade e a intubação
endotraqueal precisa ser avaliada cuidadosamente, pois a existência de
depósitos de gordura na face, no tórax, na língua, o excesso de tecidos moles
no palato e na faringe e a possível limitação para flexionar a coluna cervical
dificultam o procedimento”, detalha o endocrinologista.
Ele explica ainda
que, ao avaliar pessoas com IMC muito alto, é difícil predizer a capacidade
funcional pela história clínica, já que a obesidade pode ser um limitador para
o paciente poder fazer uma caminhada ou subir uma escada. “Ele pode ter um
problema cardíaco e não saber porque ele fica muito tempo parado”, conta o
médico.
O
recado é: quanto maior o peso, maior a incidência de doenças que podem ficar
subdiagnosticadas pela própria dificuldade na realização de exames.
“Mais comum do que
a gente imagina é o paciente não ter um avental do tamanho adequado para
ele vestir quando vai ser examinado, ou subir numa balança que só pese até
150 kg, ou não ter um manguito de pressão para o tamanho do braço dele: são
situações que geram embaraço, vergonha e constrangimento. E isso não pode ser
negligenciado, pois é o que acaba afastando essas pessoas dos consultórios e,
com isso, abrindo espaço para piora da saúde delas”, finaliza Dr. Mancini.
SBEM-SP
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo
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