Em dezembro festejamos uma
data marcante para o povo da América Latina e mais especial ainda para os
mexicanos. É a memória festiva que recorda Nossa Senhora de Guadalupe, no dia
12. Esse acontecimento revela a presença e o cuidado da Mãe de Deus com os
povos latinos, de forma especial, com os mexicanos. São aparições que ficaram
gravadas não somente na história, mas também em um pano típico da região,
chamado “tilma”. Essa “pintura” sobrenatural da Virgem Maria está exposta no
santuário mexicano. Sobrenatural, pois não foi feito por mãos humanas, mas pelo
milagre das rosas castelhanas. Foi o modo que Maria decidiu apresentar-se ao
bispo da região para convencê-lo de suas aparições.
O mais interessante é a
pessoa escolhida para ser intermediária das aparições. Um indígena de origem
Azteca, meia idade, casado e com filhos, de baixa instrução formal, vivendo sob
as duras condições do trabalho no campo. Ou seja, uma pessoa simples, e talvez
até desprezada socialmente, que tornou-se, posteriormente, o primeiro santo
indígena americano: São Juan Diego Cuauhtlatoatzin.
A partir das aparições,
Maria foi-lhe conduzindo à santidade, reconhecida pela Igreja no dia 31 de
Julho de 2002, pelo papa João Paulo II, após 52 anos de sua morte. Esse homem
tornou-se modelo de confiança em Deus, e representação do amor de Maria para
com o povo mexicano, do amor pelos mais desfavorecidos da sociedade.
Outro ponto fundamental a
ser ressaltado foi a experiência que Juan Diego teve na quarta aparição da
Virgem de Guadalupe. Ele havia combinado de se encontrar com Ela, mas pela
doença de seu tio acabou não comparecendo. Muito envergonhado por ter faltado
ao compromisso, escolheu percorrer outro caminho no dia seguinte para não se
encontrar com Maria. Talvez estivesse perplexo pelas aparições e rejeições do
bispo local ao fato que ele contou. Com certeza, ele não entendia ao certo os
motivos e a importância das aparições, muito menos as tarefas que Maria lhe
dava, e tudo isso contribuiu para suas atitudes. Contudo, Ela apareceu
novamente a ele naquele outro local.
Sentindo-se obrigado a
justificar-se, Diego lhe contou os motivos de não ter ido, seguido pelas
palavras que se tornaram a frase mais famosa desse evento de Guadalupe, e que
estão inscritas na entrada principal da Basílica: "Kuix amo nikan nika
nimonants?", que é traduzido como: "Não estou eu aqui, que sou
sua mãe?”. Talvez Maria quisesse lhe dizer, em sua delicadeza de mãe, que
não importava onde ele fosse, pois Ela sempre estaria com ele. Assim como ele
não deveria se preocupar com a saúde do seu tio, e nem mesmo com outras
situações que se apresentassem.
E hoje, Maria, Mãe de Deus,
também quer nos dizer isso: “Eu estou com você, aonde quer que vá”. Não estamos
sozinhos, basta que nos coloquemos na presença de Maria como seus filhos, e Ela
fará a sua parte de mãe. E como é bom ter uma mãe! É sentir-se despreocupado
sabendo que Ela cuida de tudo; é sentir-se seguro sabendo que nada nos
acontecerá porque Ela há de nos proteger. Ouvir de Maria: “Ei, meu filho(a), eu
estou aqui. Por que tem tanto medo? Por que tantas preocupações? Por acaso eu não
cuido de ti?”, deve nos “acordar para a vida”, deve nos fazer lembrar,
despertar do sono das preocupações. Que essa lembrança nos console e conforte
nos tempos atuais e naqueles que virão. Não importa o que aconteça, temos uma
Mãe!
Rafael Vitto - seminarista
e membro da comunidade Canção Nova.
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