As diretoras e neuropsicólogas do Neuropsicocentro (NPC) alertam sobre sobrecarga nesse período de férias dão dicas para pais de crianças autistas
Entre colônias de férias, passeios e atividades com amigos e família,
os momentos de lazer durante as férias preenchem a agenda que antes era
dedicada aos estudos e, o grande desafio para muitos pais é planejar o que as
crianças irão fazer nesse tempo livre. No entanto, a neuropsicóloga e
sócia-diretora do Neuropsicocentro (NPC), Silviane Andrade, alerta que é
necessário ficar atento para que essa agenda de férias não se transforme em uma
sobrecarga tanto nas crianças como nos adultos.
A profissional explica que os momentos livres são essenciais para
saciar as necessidades cognitivas de descobrir e explorar o mundo de forma
espontânea. “O nosso cérebro funciona processando estímulos e, quando ele os
recebe em uma quantidade muito grande, acaba ficando sobrecarregado na
tentativa de responder ao fluxo recebido. No caso da criança, o excesso de
atividades vai prejudicá-la a saber lidar com o ócio na falta desse estímulo
externo, um problema que afeta a habilidade da criatividade. Por isso, o ideal
é conseguir equilibrar momentos de atividades e momentos que essa criança não
tenha nada para fazer, principalmente sem o uso de telas, porque é nesses
momentos que o cérebro vai ter o seu espaço criativo”, afirma.
Para mães e pais de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento ou que fazem diferentes tipos de terapias como autistas, por exemplo, esse período de recesso é ainda mais preocupante. Na ausência das aulas, que também fazem parte do desenvolvimento terapêutico, como distrair os pequenos sem perder o ritmo da jornada? De acordo com Clarissa Leão, neuropsicóloga e também sócia-diretora do Neuropsicocentro (NPC), é natural que esse ritmo de terapias tenha uma diminuição nas férias, mas não significa que essa criança vai ser prejudicada. “As férias são um espaço super rico de estímulo porque vai oferecer vários momentos que a criança também precisa para se desenvolver, indo além das terapias, como momentos em família e eventos sociais. É preciso dar espaço para a criatividade, vivenciando novas perspectivas até mesmo em casa”, aponta.
Confira as
dicas da neuropsicóloga, Clarissa Leão, para saber
lidar da melhor forma com o período de férias da criança autista e a diminuição
dos estímulos terapêuticos dos pequenos:
- Faça atividades que
estimulem a socialização, partindo de algo que a criança já tenha interesse,
mas que surpreenda;
- Evite uma exposição
a algo extremamente novo que possa causar algum desconforto. Por exemplo,
se a criança gosta de brincar com dinossauros, faça a sugestão que o
dinossauro gosta de brincar de andar de carro. Nesse caso, insere-se um
novo elemento que seria o carro, sem tirar dela o dinossauro porque é uma
zona de conforto e traz segurança para ela;
- Prefira ambientes
ao ar livre, onde não tenha muito barulho e que a criança se sinta mais
segura;
- Trabalhe
previamente o local com a criança, dando pistas visuais de onde ela vai,
oferecendo imagens do lugar, qual horário se é dia ou noite;
- Também é importante
trabalhar a mente enquanto pai e mãe caso o passeio ou a atividade não
saia como foi idealizada. Faça um plano B, que inclusive pode ser precisar
voltar para casa ou deixar a criança em um espaço que ela se sinta segura;
Além disso, outro
ponto que todos os pais devem prestar atenção é no tempo gasto na frente das
telas e aparelhos eletrônicos. Embora seja uma tentação pela praticidade,
estudos apontam que o cérebro de crianças e adolescentes podem ser impactados
pelo uso excessivo de tablets, celulares, televisões e computadores, prejudicando
desde o sono, visão, postura e capacidade de comunicação, de resolução de
problemas e de sociabilidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por
exemplo, a recomendação é de que crianças menores de 2 anos não tenham contato
algum com telas, nem mesmo televisores. Após essa idade, a liberação deveria ser no
máximo durante uma hora por dia. E, somente aos 8 anos, elas poderiam usar
celular.
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