Adolescentes
brasileiros que consomem em média 450 ml de refrigerantes por dia apresentam
risco cardiovascular associado, aponta novo estudo publicado na última edição
do International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), periódico da
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A pesquisa avaliou informações de
quase 37 mil jovens brasileiros com idades entre 12 e 17 anos. Os dados são da
base do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) e o recorte
temporal da análise abrange entre 2013 e 2014.
A pesquisa
percebeu que o alto consumo está associado ao risco de hipertensão, sobrepeso e
obesidade no público analisado. Com recorte transversal, um destaque da
pesquisa foi a conclusão de que possivelmente os adolescentes que já possuíam
essas condições consumiam menos refrigerantes tradicionais, substituindo por
outras bebidas industrializadas, como as versões diet e light.
Ana Flávia Gomes de Britto Neves, da Universidade Federal da Paraíba e principal autora do artigo, diz que mesmo essas opções devem ser consideradas fatores de riscos cardiovasculares em adolescentes, incluindo também outras bebidas açucaradas. “Surgem oportunidades de bebidas açucaradas industrializadas substitutivas dos refrigerantes que parecem saudáveis, mas o que vemos é que fogem dessa proposta. O estudo levanta este questionamento: os adolescentes já estão percebendo a necessidade de reduzir o consumo dos refrigerantes tradicionais, mas a informação sobre as outras opções ainda não estão bem difundidas”, afirma.
Em alguns países já existem políticas públicas que funcionam como inibidoras do
consumo excessivo das bebidas açucaradas. No Reino Unido, o chamado sugar
tax tem reduzido a ingestão de 6.500 calorias advindas de refrigerantes por
pessoa a cada ano desde sua implementação em 2018. Ana Flávia diz que esse é um
dos grandes desafios da Saúde Pública no Brasil, mas ressalta que, mesmo em
países cujas ações já foram efetivadas, ainda existe o problema de substituição
por bebidas consideradas mais saudáveis. “Os sucos industrializados também apresentam
quantidade elevada de açúcar em sua composição, enquanto as bebidas dietéticas
contêm muito sódio. Ainda há um longo trabalho de conscientização a ser
realizado acerca da temática”.
A pesquisa também
levanta pistas para estudos futuros. Ana Flávia destaca, em especial, a
necessidade de realizar análises prospectivas que sejam representativas do
cenário nacional. “Sabemos que alimentação não é o único fator que predispõe os
riscos cardiovasculares. Por isso, estudos que levem em consideração outros fatores,
como tempo em tela, arbitrariedade e estilo de vida seriam interessantes”,
afirma Ana Flávia.
Referências
ARTHUR, R. Association between
Cardiovascular Risk in Adolescents and Daily Consumption of Soft Drinks: a
Brazilian National Study [online]. Beverage Industry. 2021 [viewed 21 October
2022].
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