“Os brasileiros estão passando por uma fase de muitas rupturas, tanto no ambiente familiar como no profissional. Parentes “virando a cara” e empresas até perdendo clientes ou sofrendo boicotes. A realidade é que está cada vez mais difícil conversar”, reflete Diana Bonar.
A especialista em Conflitos e Comunicação Não Violenta ressalta ainda que
parece que o país foi dividido em dois lados antagônicos e o simples fato de
verbalizar o candidato a presidência da sua preferência causa todos os
tipos de reações negativas.
Segundo Diana, é importante ressaltar que o conflito nasce da percepção de que
o outro pode ser uma ameaça de algo importante para mim. Pois se o outro tem um
pensamento antagônico, que por exemplo, possa ameaçar a minha integridade,
senso de segurança ou liberdade de expressão, eu reajo a isso.
“Quando enxergo meu oponente como uma ameaça, os sentimentos
predominantes são de medo, raiva, indignação e o instinto de defesa ou ataque
entram em cena. É por este motivo que o conflito entre Esquerda e Direita
parece irremediável. Ao invés de diálogo, há troca de rótulos ‘comunista’ ou
‘fascista’, por exemplo, e nos afastamos de qualquer possibilidade de reflexão
conjunta”, ressalta ela.
Para Diana, as Fake News, muito difundidas hoje em dia, contribuem de forma
muito negativa, porque elas aumentam o que chamamos de construção da “figura do
inimigo” de ambos os lados. Disseminando sentimentos de ódio, medo e desejo de
vingança. Portanto, conhecimento histórico e social, junto com senso crítico,
nunca foi tão relevante para construção da harmonia social.
Uma das dicas da especialista em conflitos é questionar tudo que chegar até
você, investigue e reflita antes de passar adiante, pois quem produz Fake News
tem como objetivo final que é a da manipulação.
No Brasil, por exemplo, o discurso de ódio tem se tornado um problema, e
representa uma fala intolerante e sem empatia.
“Não é “mimimi. Discursos de ódio podem virar ações concretas violentas. Em geral,
o alvo são mulheres, negros, pessoas LBTQIA+, indígenas, crenças religiosas
específicas. O discurso de ódio traz em si o desejo de eliminar, destruir,
acabar com o alvo do ódio”, diz Diana que continua... “Todos nós devemos estar
muito atentos a isso e coibir qualquer discurso de ódio contra qualquer grupo.
Não devem ser tolerados e devem ser coibidos como prevê a lei.”
De acordo com Diana, discurso de ódio não é liberdade de expressão, esta
garante que a democracia possa existir e florescer. Pensamentos divergentes são
bem-vindos e fazem parte de uma construção democrática. Você pode e deve emitir
a sua opinião, mas você não pode estimular o extermínio de pessoas.
Seguem algumas dicas da Diana Bonar, especialista em conflitos e Comunicação Não Violenta, para saber como conduzir situações e conversas polarizadas.
Confira:
- Tenha
certeza de que você não está repetindo Fake News. Elas podem alterar a sua
percepção da realidade;
- Evite palavras de julgamentos e verbalize como você se sente e o que você precisa. Ambos os grupos, precisam se sentir seguros, por exemplo, esse é um solo comum. Xingamentos mútuos geram afastamento.
- Pratique
ouvir, mesmo discordando. Isso dará mais espaço para um diálogo de
aprendizado e troca.
- Se
perceber que a sua irritação está aumentando, se retire da conversa antes.
- Independe
de que lado está, defenda a vida. Não apenas de quem pensa como você, mas
a de todos nós. Isso revela seus valores de compaixão, empatia,
democracia.
- Se perceber que a pessoa não consegue mais distinguir fato de Fake News e que o diálogo é quase impossível, não ofenda ou diminua essa pessoa. Busque com quem conversar, e de forma bem mais sútil e transversal insira pontos de reflexão sem confronto.
- Antes
de iniciar a conversa, avalie dois pontos centrais:
- Quem
é essa pessoa na minha vida. Qual a importância deste vínculo para mim.
Qual o grau de dor emocional envolvido ao perder este vínculo?
- Qual
o nível de importância para eu falar sobre isso?
Com base na sua resposta, veja o gráfico abaixo e reflita qual seria a sua
melhor escolha. Se o vínculo importa e o tema também, você deverá ter muita
sensibilidade e saber muito bem usar a Comunicação Não Violenta para conduzir
essa conversa.
Se o vínculo for mais importante, será mais sábio acomodar a situação. E não
falar sobre isso com essa pessoa.
Se nenhum dos dois importa, nem comece.
Se o assunto é mais importante que a pessoa, exponha a sua opinião com
respeito, sabendo que possivelmente o outro lado também não mudará de ideia.
Avalie se vale a pena entrar nesta competição.
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