Boas práticas garantem um processo mais inclusivo
Ainda que venha sendo bastante difundida nos
últimos anos, a diversidade não recebe grande adesão dentro das empresas. Atualmente,
apenas um terço delas promovem ações que tenham a inclusão como base. Mais do
que isso, em grande parte das companhias o tema sequer é discutido. Sem um
comitê que se dedique ao assunto, poucas são as metas e atitudes.
A abler, startup de recursos humanos que
conquistou mais de 300 clientes e preencheu 55 mil vagas de empregos, separou
sete passos que auxiliam as empresas a praticarem a diversidade já na hora do
recrutamento. Para Alisson, CEO da abler,
os resultados aparecem em exemplos. “A empresa de delivery iFood
zerou a diferença salarial entre homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos.
Natura e TIM aumentaram o número de mulheres nas áreas de administração”,
relaciona.
Os sete passos para praticar diversidade no
recrutamento são:
- Crie
uma cultura de diversidade na sua empresa
Uma cultura de diversidade envolve a inclusão de
vários grupos étnicos e o engajamento em um mesmo propósito. Há um termo usado
como uma tendência de RH para isso: “DEI” ou Diversidade, Equidade e Inclusão.
A ideia é criar um ambiente de pertencimento, em que pessoas de diferentes
grupos sociais possam se conectar e se sentir apoiadas e engajadas. Um dos
caminhos é espalhar a diversidade, apoiando organizações que abracem o tema.
Isso passa pela revisão de critérios na hora de divulgar os cargos, os perfis e
os requisitos. Nesse ponto pesa também um trabalho interno no qual as
estruturas e a cultura organizacional sejam revisadas.
- Tenha
uma política inclusiva
Estudos apontam que políticas inclusivas aumentam
em oito vezes as chances de ter bons resultados de negócios. A inclusão ainda
faz com que a existência de conflitos seja menor, assim como apoia o
engajamento e o desempenho dos funcionários. Uma política inclusiva acontece a
partir do incentivo às pessoas para que elas sejam da forma como gostariam,
além de criar um ambiente psicologicamente seguro. Outra ação importante é
encorajar a participação em reuniões e a expressão de opiniões e talentos.
No recrutamento, isso pode ser feito a partir de
modelos específicos. Por exemplo, definindo um percentual de minorias na
seleção. A ideia pode fazer diferença, já que costumam ocupar menos de 10% das
vagas. Empresas como o Magazine Luíza e a Bayer chegaram a lançar processos
seletivos exclusivos para pessoas pretas.
- Vá
além do gênero
A diversidade faz com que as pessoas tenham noções
de justiça, pertencimento, respeito, confiança e igualdade. Embora a política
seja importante por questões sociais, também tem efeito positivo nos resultados
da empresa.
Mas o conceito não inclui apenas raça e gênero, mas
diz respeito a vários outros pontos: idade, orientação sexual, classe social e
por aí vai. Por exemplo: o recrutamento de profissionais PCD, exigindo uma
equipe inclusiva e uma boa comunicação das qualificações.
Com o recrutamento digital e remoto, ainda é
possível fazer contratações sem barreiras geográficas. Assim, as pessoas podem
ser empregadas em vários estados, mesmo em lugares em que a oferta de vagas é
baixa, fora de centros urbanos e capitais, por exemplo.
- Planeje
bem o anúncio das vagas
Também é importante evitar expressões nos anúncios
que afastam certos perfis de candidatos. Por exemplo, “buscamos engenheiro”,
“pós-graduado”, “comunicativo” e assim por diante, pois são termos orientados
apenas aos homens. Cuidar das palavras é uma forma de mostrar que a empresa se
importa com a contemplação de diversidade. É possível neutralizar o gênero do
anúncio, usando termos mais abrangentes sem especificar.
A descrição também pode demonstrar a preocupação da
empresa com o assunto, contando um pouco de como é a política de inclusão. O
mesmo vale para as páginas de redes sociais, divulgando o que a empresa pensa
sobre o tema.
- Espalhe
os benefícios da diversidade
Uma das formas de trazer políticas mais diversas é
espalhando a ideia e deixando todos por dentro de seus benefícios. Isso porque
a inclusão faz bem para os vários setores da empresa e pode gerar até melhores
resultados financeiros. As chances de crescimento também são mais altas. Em um
ambiente de trabalho em que as pessoas se sentem mais seguras, a produtividade
costuma ser atingida com mais facilidade. Já em empresas pouco receptivas, as
pessoas deixam uma parte da identidade do lado de fora. Por isso, há mais energia
dispensada para o preenchimento dessa lacuna. O acolhimento é um caminho para
as pessoas colocarem a inclusão e a diversidade no ambiente de trabalho.
- Tenha
conversas difíceis
Às vezes, o investimento em diversidade em
processos seletivos passa por alterar estigmas excludentes na empresa, algo que
as pessoas tendem a postergar pelo medo do desconforto. Por isso, algumas ações
e atitudes precisam ser revistas e conversas difíceis com pessoas que discordam
de você podem ser necessárias.
Aqui, vale investir na boa comunicação e na
construção de pontes. Assim, a diversidade exige planejamento, trabalho duro,
paciência e o uso de metas e indicadores — além da compreensão da demografia da
empresa e de um olhar mais próximo para os casos de denúncia.
Essa é a razão pela qual o processo seletivo
precisa estar sintonizado com todo o restante da empresa. O inverso é a
inclusão “para inglês ver”. Há até um nome para isso: Diversity
Washing, quando a organização vende a ideia de diversidade, mas não
a põe efetivamente em prática.
- Siga
bons exemplos
Embora a diversidade não seja adotada mundialmente
da forma como poderia, ainda existem vários bons exemplos de empresas que
contam com políticas que funcionam. A Sodexo, por exemplo, dá até 25% de bônus
aos executivos comprometidos com a diversidade. A PwC tem quase metade das
atividades filantrópicas ligadas a ONGs associadas à diversidade, enquanto a
Mastercard aposta em uma cultura inclusiva e um board executivo
diverso.
Aplicar a diversidade no recrutamento é um dos
caminhos para favorecer a inovação. Isso porque os vários pontos de vista
diferentes trazem soluções que não apareceriam em um ambiente excludente.
As organizações ainda passam a ter um clima interno
mais harmônico e uma retenção de talentos maior, ficando com uma estrutura
organizacional mais sólida. O resultado é uma empresa com mais pessoas felizes
e motivadas.
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