Estudos, segundo a nutricionista Karla
Lacerda, pós-graduada em Nutrição Funcional, apontam que a doença pode ter
origem hereditária e o controle aos sintomas pode ser feito com dieta adequada
As atividades do Maio Roxo têm como ponto central o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (DII), no dia 19, data que chama atenção da sociedade na busca de promover diálogo e soluções para qualidade de vida das pessoas que convivem com alguma destas doenças.
A nutricionista Karla Lacerda, pós-graduada em Nutrição Funcional que também responde pela Diretoria Científica do motor de processamento de exames da startup CalcLab, explica que a campanha busca visibilidade sobre as doenças intestinais para estimular autoridades e profissionais de saúde a agir e prestar o devido apoio.
Organizações de pacientes que representam mais de 50 países em 5 continentes lideram a campanha que teve seu início em 2010 e hoje traz voz para as 10 milhões de pessoas em todo o mundo que vivem com doença inflamatória intestinal.
Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), com base nos dados do DataSUS, no país, têm observado de 2012 a 2020 o aumento dos casos, sendo as mais comuns: a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Foram analisadas informações de 212.026 pacientes de ambos os sexos, sendo 140.705 com doença de Crohn e 92.326 com retocolite ulcerativa.
A SBPC ainda alerta que o registro de novos casos, subiu de 9,41 por 100 mil habitantes em 2012 para 9,57 por 100 mil habitantes em 2020, uma variação anual média de 0,80%. A prevalência, que é a soma dos casos, passou de 30,01 por 100 mil habitantes para 100,13 por 100 mil habitantes no mesmo período, uma variação média de 14,87% por ano.
Karla explica que a DII, incluindo Crohn (CD) e colite ulcerativa (UC), é um grupo de doença inflamatória crônica do trato gastrointestinal, não tem cura e tem causa desconhecida. A inflamação recorrente e crônica da parede intestinal está relacionada a fatores genéticos, ambientais, microbianos, imunológicos e apresentam sintomas como dor abdominal, diarreia, febre, sangue nas fezes, fadiga, perda de apetite, perda de peso, úlceras na boca, anemia ou intolerâncias alimentares, segundo a literatura médica.
“Existe uma possível predisposição genética para o aparecimento da doença e uma tendência a ter mais frequência em membros de famílias em que já se registaram casos anteriores”, porém, diz a nutricionista, a DII pode ser o resultado de um sistema imunológico anômalo. O mau funcionamento do sistema se manifesta ao tentar combater um vírus ou bactérias invasoras, gerando uma resposta imune inabitual que faz com que as células do trato digestivo também sejam atacadas.
“Quando funciona adequadamente, a imunidade ataca esses organismos estranhos para proteção do corpo, mas na presença dessa doença, o sistema imunológico reage incorretamente aos gatilhos ambientais que causam inflamação do trato gastrointestinal”, afirma Karla.
Tendo em vista o histórico familiar de DII, possivelmente as pessoas têm maior probabilidade de ter herdado essa resposta imunológica inadequada e não a doença em si.
A nutricionista esclarece que a dieta, o estresse, carência de zinco, vitaminas D e A, parasitoses, infecções, etilismo, alergias alimentares, obesidade, metais tóxicos e toxinas ambientais podem ativar os genes que levam à doença e podem agravar os sintomas de DII, apesar de não serem causadores dessa condição.
Karla vai além: a nutrição, no entanto, tem um papel fundamental nesse quadro, pois com a remoção de alérgenos, inclusive glúten e lácteos, a redução de gorduras saturadas e o ajuste da desnutrição com uma dieta rica em frutas, verduras e legumes, de nutrientes como vitaminas e minerais, especialmente a vitamina D ajudam a potencializar e modular a saúde do intestino e sua microbiota.
A ocidentalização da dieta, que inclui déficits de vitaminas, aumento da ingestão de alimentos ricos em gordura e açúcar e menor consumo de fibras e frutas resulta em crescente incidência das DII, que são frequentemente associadas a distúrbios nutricionais significativos. “Com a nutrição, é possível aplicar uma alimentação equilibrada e para cada momento da doença. Torna-se imprescindível inserir nutrientes de todos os grupos, de forma ajustada aos sinais e sintomas para recuperar o peso, manter um bom estado nutricional e impedir que a microbiota intestinal seja prejudicada”.
A prevenção com uma alimentação adequada pode amenizar os sintomas evitando: gorduras industrializadas, leite e derivados, açúcar, alimentos que aumentam a produção de gases (como couve-flor, alho, feijão, repolho e batata doce), cafeína, álcool, sorbitol, alimentos picantes ou com muitos conservantes, chicletes e balas.
De acordo com Karla, hábitos como atividade física, técnicas de relaxamento e terapia também são encorajados visto que corpo e mente estão relacionados e a tensão emocional pode influir no curso da Doença. “Conflitos emocionais ocasionalmente precedem a recidiva ou o diagnóstico de uma DII”.
Para o diagnóstico, os médicos utilizam um conjunto de evidências a partir de achados clínicos que incluem os sinais e sintomas, exames sanguíneos, de fezes, endoscópicos, de imagem e uma combinação de endoscopia (para a doença de Crohn) ou colonoscopia (para a colite ulcerosa), estudos de imagem, como radiografia de contraste, imagem por ressonância magnética ou tomografia computadorizada, às vezes, até histopatológicos para que o especialista confirme a enfermidade e inicie o tratamento.
“A dieta é o elemento determinante para o desenvolvimento saudável da microbiota intestinal e seu perfil bacteriano. Atualmente, a maioria das doenças podem ter relação direta com o padrão alimentar. Por isso, busque sempre orientação profissional e auxílio médico ao aparecer qualquer sinal ou sintoma”, finalizou a nutricionista.
Karla
Lacerda - idealizadora do CalcLab, nutricionista pós-graduada em Nutrição
Funcional e ainda responde pela Diretoria Científica do motor de processamento
de exames do CalcLab.
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