Quando consideramos que a cada R$ 1 investido em saneamento,
outros R$ 4 são
economizados em saúde, é coerente afirmar que o saneamento é sinônimo de saúde
preventiva, mas transformar isso em realidade não é tão simples assim.
A universalização do saneamento demanda investimentos na ordem de R$ 700 bilhões para que todo
brasileiro tenha acesso à água, coleta e tratamento de esgoto, até 2033, para
mudar a realidade de 35 milhões de pessoas que não têm acesso ao recurso
potável e 100 milhões que convivem, diariamente, com esgoto a céu aberto.
Em 2020, os investimentos em saneamento no país não chegaram sequer à metade do
valor ideal e foram menores do que no ano anterior. No Norte e Nordeste, por
exemplo, a carência pelos serviços de saneamento é ainda mais latente. Ainda
que em pouco tempo e com muito a avançar, já possamos comemorar avanços
significativos na cobertura de água e de esgoto em Manaus (AM), principal
capital do norte brasileiro e localizada na maior bacia hidrográfica do mundo,
e Teresina (PI), que impactaram positivamente na saúde da população.
A concessionária Águas de Teresina celebra a conquista da universalização do
abastecimento de água já em 2020. Desde então, foi possível perceber uma queda
de 68,7% nas internações decorrentes de diarreias no município, passando de 419
casos para 131 ocorrências. Os casos de dengue na cidade também diminuíram,
registrando 66% menos casos do que no ano anterior e uma queda de 20% das
internações pela doença entre 2017 e 2021.
Em Manaus, por sua vez, um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil aponta
que regiões vulneráveis da cidade tiveram melhoras nos índices de saúde pública
após a chegada de sistemas de abastecimento de água. Segundo o Instituto, foi
registrada uma queda de até quatro vezes de doenças de transmissão hídrica.
Nos bairros onde o Instituto realizou a pesquisa, a ausência de crianças nas
escolas por conta de doenças relacionadas ao saneamento, caiu de 46% para 11%,
melhorando a qualidade da educação local. Por outro lado, os idosos também se
tornaram mais saudáveis, dado que a quantidade de pessoas que deixaram de
realizar as suas atividades caiu de 32% para 6%, aumentando o número de pessoas
ativas nas comunidades e ampliando as redes de apoios existentes.
Segundo o Ranking do Saneamento 2022, promovido pelo Instituto Trata Brasil e
GO Associados, Manaus é a capital que mais investiu em saneamento no Norte e
Nordeste nos últimos anos. Desde que assumiu a responsabilidade pelos serviços
de água e esgotamento sanitário, em 2018, a Águas de Manaus investiu, em média,
R$ 167,48
milhões por ano. O montante se iguala ao investimento do Recife no mesmo
período (2018 a 2020). Ao colocar na ponta do lápis, o retorno para a saúde
pública no período é o equivalente a quatro vezes o investimento. Para muito
além do discurso, a melhoria da saúde da população, entre outros aspectos
socioeconômicos, é consequência direta do desenvolvimento do saneamento básico.
Renato
Medicis - engenheiro civil e vice-presidente regional na Aegea, responsável pela
Regional 3 (Norte e Nordeste), que compreende operações de água e esgoto nas
cidades de Manaus (AM), Teresina (PI), Timon (MA), Barcarena (PA) e Ariquemes,
Rolim de Moura, Buritis e Pimenta Bueno (RO).
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