Dados do DATASUS mostram que a oferta despencou diante do aumento do diabetes no País.
O Brasil ganhou cerca de 2
milhões de novos diagnósticos de diabetes entre 2019 e 2021. Saltou de 7,4% da população com 18 anos ou
mais em 2019 para 8,2% em 2021, ou 17 milhões de brasileiros de acordo com a
mais recente pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) divulgada pelo Ministério da Saúde
em setembro. De acordo com o
oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, o
diabetes altera os vasos no fundo do olho, muitas vezes sem causar um único
sintoma, salienta. Para reconhecer a doença a dica do médico é observar alguns
sinais que da mudança no metabolismo:
aumento da sede, vontade frequente de urinar, repentina perda de peso,
cansaço, falta de sono e fome descontrolada. Nos olhos a doença incide
lentamente. Com o tempo pode causar glaucoma, catarata e a retinopatia
diabética que se não for diagnosticada logo no início pode levar à perda
irreparável da visão, alerta.
Tratamentos da retinopatia no SUS
Levantamento minucioso nos dados do DATASUS mostra estabilização na oferta de fotocoagulação a laser da retina entre 2019 e 2021 pelo serviço público de saúde. Foram 16,36 mil procedimentos em 2019 e este ano somou 16,7mil até setembro. “Significa que se considerarmos o aumento de diabéticos houve redução do tratamento. Queiroz Neto explica que o laser seca vasos tortuosos e frágeis que crescem na retina e podem levar à perda da visão caso extravasem após anos de convivência com o diabetes.
Em contrapartida os
relatórios do DATASUS revelam aumento exponencial na oferta de injeções intravítreas de antiangiogênicos.
Passou de 2.061
em 2019 para 13.194 até setembro do ano.
Mas calma,
ainda não dá para comemorar. Isso só aconteceu porque a terapia foi incorporada
ao SUS no final de 2019 com uma única marca de antiangiogênico. A segunda opção
só entrou no rol dos procedimentos em maio deste ano e a disponibilidade ainda
é muito pequena. Queiroz Neto explica
que invés de secar os vasos que se formam na retina por causa do diabetes, a
injeção bloqueia a formação destes vasos e por isso é uma terapia mais efetiva.
O tratamento, explica, é feito com 1 injeção/mês durante um ano e depois deste
período a prescrição segue protocolos personalizados
Glaucoma
O oftalmologista ressalta que
de acordo com vários estudos 40% dos diabéticos podem desenvolver glaucoma.
“Isso porque, alterações na circulação provocadas pelo diabetes dificultam a
drenagem do humor vítreo, gel que preenche o globo ocular e aumentam a pressão
interna do olho que danifica a retina e nervo óptico”, esclarece. Diabéticos
também podem desenvolver o glaucoma renovascular como uma reação à retinopatia
e portanto, tem o mesmo padrão de tratamento. No SUS os exames para
diagnosticar glaucoma durante a pandemia
tiveram queda de 28% , mas já recuperaram parte desta perda.
Catarata
Outro efeito do diabetes nos
olhos é o aumento de radicais livres que se depositam nas paredes do cristalino
e por isso antecipam a opacificação da lente do olho. Para adiar a catarata que
chega mais cedo para diabéticos as dicas do oftalmologista são: controlar a
glicemia, proteger os olhos durante a exposição ao sol com lentes que contenham
filtro UV (ultravioleta) e evitar excesso de sal que também compromete a
osmolaridade celular do cristalino.
Tipos de diabetes
Queiroz Neto afirma que 9 em
cada 10 casos de diabetes são do tipo 2. Significa que o organismo desenvolveu
resistência à insulina causada por maus hábitos alimentares, sedentarismo,
ganho de peso, hábito de fumar e uso de
corticoide em alta dose ou continuamente, bem como de alguns ansiolíticos. Por
isso, para o oftalmologista as mudanças no estilo de vida durante a pandemia de
COVID podem ter contribuído para esta pandemia de diabetes no mundo todo.
Os outros 10%, ressalta, têm
diabetes tipo 1 que é hereditário e faz o pâncreas produzir uma quantidade
insuficiente de insulina. “A insulina é um hormônio que faz a glicose e outros
tipos de açúcar serem absorvidos pelas células. No diabético os açúcares não
penetram nas células e por isso sentem mais fome. Para se prevenir da doença,
além dos cuidados com a alimentação a recomendação do médico é fazer exames de
sangue periódicos e praticar atividades físicas.
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