Pacientes recuperados do coronavírus podem ter sequelas no coração, mesmo sem histórico cardíaco Evanto Elements/Reprodução |
Neste Dia Mundial do Coração, cardiologista destaca que problemas podem aparecer mesmo em jovens e em pessoas sem histórico cardíaco. Rotina de acompanhamento cardiológico é fundamental. Saiba principais sintomas e fique atento
Análise publicada na revista científica JAMA
Cardiology revelou que foram encontradas em ressonâncias magnéticas de
indivíduos que tinham se recuperado da Covid-19, anomalias no coração em 78%
dos casos (60% apresentavam inflamação do miocárdio). Este mesmo estudo
registrou elevados níveis de troponina, uma enzima que é liberada no sangue
quando ocorrem danos cardíacos, em 76% das pessoas avaliadas. Outra pesquisa,
publicada no European Heart Journal, registrou resultados semelhantes: cerca de
50% dos doentes que foram hospitalizados com sintomas severos do coronavírus
tinham danos no coração, como miocardite, enfarte, isquemia ou uma combinação
dos três.
Estas lesões foram detectadas por meio de
ressonância magnética, pelo menos um mês após os pacientes receberem alta.
Várias outras pesquisas foram feitas ou seguem sendo realizadas sobre pacientes
recuperados do coronavírus e que tiveram sequelas cardíacas, tema que merece
atenção neste 29 de setembro, Dia Mundial do Coração. O cardiologista Thiago
Rodrigues (CRM 19114), que atende no centro clínico do Órion Complex, destaca
que esses problemas não têm prazo para surgir. “As sequelas podem aparecer logo
no pós-covid, como até um ano depois da recuperação”, afirma.
O especialista ressalta ainda que é uma questão
presente em todas as idades. “As sequelas podem atingir com mais frequência os
idosos, até porque muitos deles já têm problemas cardíacos. Porém, vemos muitos
casos em adultos jovens, na faixa dos 30 anos sem nenhum antecedente”, detalha.
Ele ainda completa que, algumas vezes, as sequelas cardíacas podem aparecer até
mesmo durante a internação da pessoa para o tratamento do coronavírus,
principalmente se for alguém com histórico.
Thiago Rodrigues explica que, por enquanto, não
existe forma de evitar que um paciente tenha sequelas cardíacas pós-covid. “O
ideal é a pessoa ter hábitos saudáveis e manter uma rotina de acompanhamento
cardiológico”, afirma. Os recuperados do coronavírus precisam se atentar a
sintomas como palpitações, dor no peito, tontura e falta de ar, os quais são
característicos de problemas no coração. “O tratamento vai depender da doença
que a pessoa desenvolveu e ainda é cedo para dizer se será algo contínuo, pois
não temos estudos concretos sobre o tema”, salienta o especialista.
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