Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), o climatério corresponde ao período entre
o final da fase reprodutora até a senilidade. Dentro deste período, ocorre a
menopausa, definida com a interrupção permanente da menstruação, reconhecida
após 12 meses consecutivos de amenorreia (ausência de menstruação).
De
acordo com a pesquisa publicada no periódico médico Menopause Review Przeglad
Menopauzalny, entre 80 e 90% das mulheres sofrem com um ou vários sintomas da
menopausa. Com o aumento da expectativa de vida, estima-se que as mulheres
terão de conviver com alguns desses sintomas por cerca de 1/3 de suas vidas.
A
pesquisa aponta que ondas de calor, acompanhadas de disfunções sexuais, estão
entre os sintomas mais comuns nesse grupo em toda a América Latina. No caso das
ondas de calor, também conhecidas como fogachos, cerca de 75% das mulheres são
acometidas nos primeiros 3, 5 anos após a menopausa.
“Embora
seja uma fase fisiológica, toda mulher passará por esse período de
transformações e desafios. Daí a importância de ter acesso às informações
corretas que ajudem a passar por este período sem tanto sofrimento”, pondera a
Dra. Claudia Chang, pós doutora em endocrinologia e metabologia pela USP e
membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Para
ajudar a conhecer melhor os fatos sobre a menopausa, a endocrinologista
selecionou os principais mitos e verdades que cercam este período da mulher:
Há
dietas específicas na menopausa
Mito.
A alimentação neste período, assim como deve ser em todas as fases da vida, precisa
apenas ser saudável e equilibrada. No entanto, há determinados alimentos que
podem minimizar os sintomas, como a soja, por exemplo, que atua no mesmo
receptor do hormônio feminino.
Já
o consumo de leite e derivados (nas mulheres que não têm intolerância) é
essencial para obter maior aporte de cálcio e minimizar a perda de massa óssea,
muito comum na menopausa. Outra dica é aumentar também o consumo de proteína,
evitando a perda de massa muscular (massa magra).
A
mulher não pode mais engravidar
Verdade.
No climatério, ainda é possível engravidar, já que o corpo está em fase de
transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. Com a menopausa já
instalada e passado um ano de amenorreia (ausência da menstruação), a
diminuição dos tamanhos dos ovários e a queda da produção hormonal ovariana
inviabilizam uma gestação.
“Uma
das formas de a mulher engravidar nesta fase seria por meio da reprodução
assistida, conhecida como Fertilização In Vitro, ressalta Claudia Chang.
A
mulher fica mais suscetível a algumas doenças
Verdade.
Como a menopausa é marcada pela queda na produção do estrogênio, hormônio
responsável pela distribuição da gordura corporal, pela fixação do cálcio nos
ossos e pelo equilíbrio das gorduras no sangue, há alterações no corpo, como o
maior acúmulo de gordura visceral/abdominal e possíveis riscos de diabetes,
osteoporose e doenças cardiovasculares, como o Acidente Vascular Cerebral
(AVC), infarto e hipertensão.
Menopausa
só ocorre após os 50 anos
Mito.
A faixa etária mais comum de ocorrência da menopausa na população brasileira é
de 51,2 anos. No entanto, algumas mulheres podem chegar à menopausa antes dos
40 anos, a chamada menopausa precoce. Isso pode ocorrer por diversos fatores
como hereditariedade, consumo contínuo de alguns medicamentos, depressão,
intervenções médicas como cirurgias, quimioterapias e radioterapias, ou devido
à insuficiência ovariana primária.
Há
alterações de humor, sono, libido e aumento de ansiedade
Verdade.
Os fatores psicológicos e fisiológicos mais relacionados com a menopausa
envolvem nervosismo, depressão, insônia, irritabilidade, alteração de humor,
labilidade emocional, problemas de memória, diminuição da libido e
predisposição ao estresse.
“Nesta
fase, a queda da produção estrogênica gera uma sobrecarga fisiológica, podendo
resultar em fadiga física ou estafa mental, alterando o sono e favorecendo
problemas psicológicos”, completa a especialista.
Há
ganho de peso
Verdade.
Com a redução de massa magra, ocorre a diminuição da taxa metabólica basal e,
consequentemente, a energia necessária para manter as funções do organismo em
repouso. Além disso, pela queda do estrogênio, há maior acúmulo de gordura na
região abdominal, elevando a resistência ao hormônio insulina, o que resulta no
aumento de açúcar no sangue.
Reposição
hormonal é a melhor forma de tratar a menopausa
Parcialmente
verdade. Embora a reposição hormonal seja a melhor estratégia do ponto de vista
farmacológico, nem todas as mulheres têm indicação ou podem fazer uso da reposição.
Alguns aspectos precisam ser observados, como a via de administração hormonal,
as doses e os tipos dos hormônios. Tudo isso tem influência nos riscos e na
resposta ao tratamento.
Para
as mulheres que possuem alguma contraindicação há outras terapias que podem ser
indicadas para tratamento dos sintomas climatéricos, como antidepressivos,
acupuntura e homeopatia.
“Vale
lembrar que a prática de atividade física regular, associada à alimentação
saudável, é importante para minimizar sintomas climatéricos, favorecer o ganho
de massa óssea e aumentar a taxa metabólica basal. Além disso, ao notar sinal
de diminuição ou ausência da menstruação, o indicado é se consultar com um
especialista que fará avaliações, solicitação de exames e um tratamento
adequado. Afinal, por mais que, cedo ou tarde, a menopausa chegue para todas as
mulheres, cada uma tem suas particularidades e necessidades”, finaliza Claudia
Chang.
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