A redução da prática de exercícios e o aumento do sedentarismo forçado, ocasionado pela pandemia, está trazendo consequências para pessoas que sofrem de problemas nos joelhos ou que já possuem artroplastia total do joelho (ATJ). Entre as maiores queixas dos pacientes estão a perda de força física, perda de mobilidade, atrofia muscular e piora das condições clínicas gerais, ocasionando quadros de hipertensão, diabetes e acúmulo de gordura corporal, o que sobrecarrega as articulações.
"Para os nossos joelhos, o resultado de tanto tempo parado, da falta de
periodização e de treinamento não poderia ser diferente, especialmente naqueles
que já tratavam de doenças como, por exemplo, a artrose ou a perda de
cartilagem", afirma o ortopedista e especialista em cirurgia do joelho,
Rogério Fuchs.
O aumento da longevidade, próteses sendo indicadas para pacientes mais jovens,
bem como a sobrecarga nos joelhos contribuem para o crescimento no número de
cirurgias para colocação ou revisão das próteses. Para que se tenha ideia, um
estudo realizado nos Estados Unidos sobre as projeções de artroplastia primária
e revisões de quadril e joelho entre 2005 e 2030, intitulado "Projections
of primary and revisions hip and knee arthroplasty in the United States from
2005 to 2030" apontou que as revisões de prótese de joelho irão aumentar
em torno de 600% até o ano de 2030.
Chances de lesão - O joelho é considerado uma das articulações do corpo
que mais trabalha próximo aos seus limites fisiológicos, o que aumenta as chances
de lesão. Não só a prática esportiva ou a falta dela, mas também atividades
repetitivas da vida diária, como subir e descer escadas, andar e agachar-se e
aumentos repentinos na intensidade e volume de uma atividade física podem
desencadear dor e inchaço, sem causa maior aparente.
Revisão da prótese - Pacientes que já passaram por uma artroplastia
total de joelho devem ficar ainda mais atentos aos sintomas e manter o
acompanhamento anual com o cirurgião. Isso porque, assim como toda cirurgia que
envolve prótese, no caso do joelho pode haver necessidade de troca após 15 a 20
anos.
"95% dos casos em que há necessidade de cirurgia para revisão da prótese
estão relacionadas à instabilidade, desgaste do polietileno (material que faz o
papel da cartilagem na prótese), soltura dos implantes, rigidez ou perda de
movimento, problemas na patela (luxação, algumas vezes) e, em alguns casos,
infecção", conta Rogério Fuchs. Ele explica que os casos de infecção são
raros, índice de 1% a 2% (semelhantes ao resto do mundo).
Segundo o especialista, para a cirurgia de revisão da prótese - tanto em época
de pandemia como em períodos normais - é preciso levar em conta alguns pontos
importantes. "Quanto mais tempo o paciente levar para fazer a revisão da
prótese, há piora relacionada à perda óssea, aumento da instabilidade, devido à
infecção ou desgaste / soltura da prótese, e maior será a dificuldade técnica
de corrigir o que for necessário", alerta o cirurgião. "No entanto,
as tecnologias estão evoluindo cada vez mais de forma positiva", reforça
Rogério.
Diferente das cirurgias primárias, a revisão da prótese exige um planejamento
maior por parte do cirurgião que deverá identificar os implantes que foram
colocados anteriormente e procurar por possíveis causas que levam à necessidade
de revisão, bem como comorbidades - para que o paciente apresente boas
condições para a cirurgia de revisão - entre outras avaliações físicas e
clínicas.
O cirurgião do joelho e do quadril, Thiago Fuchs, destaca que a evolução das
próteses, disponibiliza ao paciente modelos com opções de tamanhos variados
(mais próximo ao joelho de cada paciente) e com possibilidade de acrescentar
suportes que distribuem melhor a carga. "Isso leva a maior sobrevida do
implante e a melhores resultados funcionais", pondera.
A dona de casa aposentada, Rosita Nunes, 82 anos possui prótese nos dois
joelhos e realizou uma cirurgia de revisão da prótese em um dos joelhos há
cinco anos. "Esta cirurgia mudou a minha vida. Antes, eu não conseguia
andar uma quadra e sentia muitas dores devido à artrose. Depois de sofrer seis
anos com a doença, operei. Após alguns anos, foi necessário fazer a revisão de
uma das próteses, porém hoje faço tudo sem dificuldade e caminho muito
bem", comemora Rosita.
Novas tecnologias - Atualmente, as próteses com desenho moderno têm
tamanhos diferenciados para melhor se adaptar às necessidades de cada paciente.
Outra novidade são próteses com estabilização ligamentar, indicada para os
pacientes que possuem defeitos ligamentares que causam instabilidades graves na
articulação do joelho. São as próteses tipo dobradiças ou "hinge".
Outra novidade é o uso dos chamados metais trabeculares, implantes modulares
modernos que permitem preencher perdas ósseas, sem necessidade de enxerto
ósseo. "Isto restaura a anatomia da articulação e permite uma recuperação
mais adequada nos pós-operatório", finaliza Thiago Fuchs.
*Alertas para casos de revisão de prótese de joelho*:
- não deixe de agendar o retorno anual com o cirurgião, para que possíveis
complicações sejam detectadas inicialmente;
- se for necessária cirurgia de revisão de prótese, saiba que o procedimento é
viável e seguro, já que a tecnologia de instrumental e implantes está cada vez
mais moderna;
- se houver dúvida sobre o estado do seu joelho ou da sua prótese, não hesite
em procurar um especialista.
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