A definição mais comum que encontramos para a palavra organização é: um grupo de pessoas que se reúnem com um objetivo em comum. Ao fazer a gestão da organização, todos os esforços são aplicados com vista a maximizar a riqueza de seus donos ou aumentar o valor de mercado, tornando-a cada vez mais competitiva frente aos outros players que atuam no mesmo segmento de mercado.
No ambiente de trabalho, a equipe é
um grupo de pessoas com habilidades complementares e que trabalham em conjunto
para alcançar um propósito comum pelo qual são coletivamente responsáveis. Uma
equipe gera sinergia positiva através do esforço coordenado. Os esforços
individuais são integrados para resultar em um nível de desempenho que é maior
do que a soma de suas partes individuais (SOBRAL, PECI, 2013).
Estamos no período de olimpíadas,
momento em que muitos atletas se reúnem; todos com um objetivo comum, batalhar
por uma medalha, preferencialmente de ouro; porém, nesse contexto específico, o
empenho é no alcance do objetivo pessoal e de bem representar o seu país.
Nessa semana, a polêmica envolvendo o
atleta olímpico Kelvin Hoefler, que obteve medalha de prata no skate, nos move
a uma reflexão sobre Gestão de Pessoas. Certamente a conquista dessa medalha
nos faz acreditar que se trata de um profissional de alta performance. Contudo,
os conteúdos publicados nas redes sociais apontam que, tanto ele como sua
colega Pâmela Rosa relataram terem se sentido desprestigiados na comparação com
um grupo mais próximo de Duda Musa, presidente da Confederação Brasileira de
Skate (CBSK), uma vez que este teria concedido privilégios diferenciados a
alguns atletas (acesso a familiares e a treinadores próprios).
Em matéria publicada na página da
UOL, Demétrio Vecchioli informa que durante o período em que já estavam
concentrados com a seleção, Kelvin e Pâmela, pediram autorização para participar
dos X-Games, na Califórnia, nos Estados Unidos, pedido esse que foi negado, sob
o argumento de que os skatistas precisavam viajar todos juntos para o Japão,
como um time. Porém, souberam que outra skatista da equipe, Letícia Bufoni,
fora participar do referido campeonato. Nessa oportunidade, não houve oponentes
brasileiras e ela ganhou a competição e um expressivo prêmio em dinheiro.
Quando competiu na olimpíada, concorrendo com as outras brasileiras, Pâmela
Rosa e Rayssa Leal, foi desclassificada.
Durante as provas olímpicas
realizadas pelo atleta Kelvin, ficou visível que não havia vibração ou torcida
da equipe brasileira de skatistas em relação às suas conquistas, e um dos
argumentos foi "a gente se distanciou". O senso de pertencimento é de
fundamental importância para o desempenho de um atleta, assim como também para
um profissional em uma organização.
O comprometimento das pessoas ocorre
por meio de trocas. Assim, todo esforço aplicado demanda reconhecimento, e a
lealdade é obtida pelo compartilhamento de objetivos e clareza de onde se quer
chegar e como fazer para alcançá-lo.
Conforme bem aponta Rhandy Di Stéfano
(2012), sentir-se importante é uma das maiores necessidades para o bem estar
psicológico do ser humano. Quando o líder fornece desenvolvimento e
crescimento, propiciando aos colaboradores um senso de importância, esses
retribuem na mesma moeda. O sentimento de pertença é similar a um compromisso
afetivo, ou seja, um apego emocional do funcionário, identificação e
envolvimento na organização; portanto, pressupõe-se que conduza a performances
superiores (ZHAO et al., 2012). Se, sentindo-se desprestigiado e sem sinergia
com sua equipe, o referido atleta ganhou uma medalha de prata, o que teria
feito se houvesse maior senso de pertencimento e justiça?
Esse é um desafio para as lideranças:
criar um ambiente de Justiça Organizacional, no qual os valores, objetivos,
normas e regras são claros e igualmente válidos para todos, onde a gestão é
feita de forma a estimular engajamento, comprometimento e espírito de equipe.
Dessa forma, acreditamos que o resultado será maior que a soma de potenciais
individuais.
Marineide de Oliveira Aranha Neto - professora e especialista em Gestão de Pessoas da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.
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