Recuperar a forma física pode ser um dos momentos mais complicados para o esportista
Créditos: Envato
Falta de ar,
cansaço excessivo e dores no corpo são algumas das dificuldades físicas que
podem permanecer após o vírus
A pandemia comprometeu a rotina dos atletas que
treinavam para a Olimpíada de Tóquio, impôs treinos a distância, além de ter
provocado o cancelamento da competição em 2020. Mas a dificuldade é ainda maior
para quem contraiu o coronavírus. Brenno Oliveira Fraga Costa, goleiro da
seleção brasileira de futebol, e Maique Tavares, pivô do time de basquete, são
exemplos de atletas que tiveram covid-19 e sofreram com as sequelas da doença.
Falta de ar, cansaço e dores no corpo foram alguns dos problemas relatados, o
que complicou a volta aos treinos.
“Os pacientes apresentam baixa reserva funcional
porque, durante a fase inflamatória, o organismo consome muito oxigênio e, pela
demanda estar extremamente aumentada, o músculo trabalha em excesso. O que
acaba gerando mecanismos de compensações para suprir essa necessidade, fazendo
evoluir o processo de fadiga muscular”, explica a fisioterapeuta do Hospital
Marcelino Champagnat, Flávia Makoski.
Além dos sintomas persistentes, com uma doença
imprevisível como a covid-19, os atletas também estão suscetíveis a
complicações que podem levar a quadros mais graves, como inflamação no coração,
chamada de miocardite - quando envolve o músculo cardíaco -, ou pericardite -
quando acomete a sua membrana externa. Isso, embora seja raro, pode acometer
atletas jovens, levando à dor no peito, palpitações, falta de ar e perda
importante da capacidade física. “Em indivíduos mais velhos, que desenvolvem
quadros mais graves, ou caso o atleta já tenha a artéria do coração
comprometida, pode ocorrer a trombose e até causar o infarto”, explica o
especialista em medicina do esporte, Pedro Murara.
Retorno gradual
Após passar um período isolado por conta da
contaminação pelo vírus, recuperar a forma física pode ser um dos momentos mais
complicados para o esportista. “O comprometimento e o tempo de retorno dependem
do grau de complexidade que o atleta desenvolveu durante a fase de sintomas.
Observamos que a evolução varia muito, já que alguns conseguem retornar em
poucos dias e outros levam meses”, comenta a fisioterapeuta.
O recomendável é que o atleta fique pelo menos sete
dias assintomático antes de retomar os treinos. É importante respeitar a volta
gradual. “No primeiro momento, os exercícios permitidos são muito leves, e
depois a intensidade, duração e complexidade vão aumentando de maneira gradual,
conforme tolerância do atleta. E sempre observando se permanece sem sintomas
que levantem qualquer suspeita de complicações”, orienta o médico.
Apesar
da ansiedade para voltar à ativa, é preciso cuidado com a reintrodução das
atividades, observando e respeitando os limites do corpo para responder melhor
aos estímulos, já que a gravidade da covid-19 também pode interferir no retorno
à prática esportiva. “Todo período de recuperação deve ser acompanhado por um
médico, pois assim ele consegue observar o processo de evolução do paciente, e
solicitar os exames importantes para descartar outras complicações mais
graves”, finaliza Murara.
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