Movimento faz apelo
para reduzir o descarte do material que impacta o meio ambiente
Criado pela ONG
australiana Plastic Free Foundation, o movimento Julho sem plástico vem com a
proposta de anualmente, no mês que carrega o nome da ação, diminuirmos
consideravelmente o uso de materiais plásticos presentes no nosso dia a dia.
Segundo a organização, das 11,3 milhões de toneladas de resíduo plástico
produzidas por ano, apenas 1,28% são recicladas. Esse percentual não é nada
perante os mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano
no mundo, piorando o estado de poluição no meio ambiente.
Para o conscientizador
ambiental e fundador da Oceano Resíduos, Rafael Zarvos, essa questão sempre foi
e continua sendo muito crítica. "Criei a Oceano em Junho de 2019, quando a
discussão sobre o tema era muito relevante. Vemos que as grandes empresas do
mercado que apresentam soluções, acabam focando no descarte empresarial, que
não deixa de ser importante, mas ainda não é o suficiente, se no dia a dia, o
cidadão não tem acesso à alguma forma de coleta adequada", explica o
empresário.
Entre os produtos
descartados de forma incorreta, estão materiais como cotonetes, copos,
garrafas, embalagens de produtos de beleza, etc. "Sabemos que já existem
os substitutos mais sustentáveis, mas ainda assim, há a preocupação com o uso
dos recursos naturais e o acesso à essas opções acabam sendo mais caras,
impactando o bolso das pessoas. O ideal seria diminuir o consumo desenfreado, e
as vezes até desnecessários. O ponto é a conscientização. A produção do
plástico no mundo hoje é muito superior à nossa capacidade de reciclagem deste
tipo de resíduo. A conta não fecha, e por isso a urgência em repensarmos as
nossas escolhas", alerta Zarvos.
O alerta vai além de
uma questão de sustentabilidade e meio ambiente. É calculado que anualmente,
12,7 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos. Segundo a ONU Meio
Ambiente, se o consumo continuar desenfreado, em 2050 o mar terá mais plástico
do que peixes. E as más notícias continuam: se você consome animais marinhos na
alimentação, com certeza está ingerindo plástico também. "Nossas cadeias
já estão contaminadas com micro plástico. Encontramos os mais diversos estudos
sobre esse tema. O descarte nos oceanos não só provoca essa transmissão via
alimentação, mas como também já se sabe que o micro plástico contaminou as
chuvas", complementa o especialista.
Estudos apontam a
absorção de microplásticos pelas raízes, bem como essas partículas também são
encontradas em diferentes áreas do nosso corpo como fígado e recentemente, uma
pesquisa brasileira encontrou nos pulmões de voluntários. "Eles foram parar
nos pulmões por conta da inalação, os microplásticos se ligam à micropartículas
poluentes ou mesmo vírus e bactéria, sendo inalados por nós. Estamos cada vez
mais vendo a natureza dar sinais e não podemos ignora-los" finaliza Rafael
Zarvos.
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