Prevenção e
tratamento precoce são importantes para evitar que o problema se agrave
O clima seco, a restrição de ventilação em
ambientes, a baixa umidade e o aumento de poluentes no ar favorecem o
aparecimento de doenças oculares no inverno. As mais comuns são as
conjuntivites (virais e alérgicas), a blefarite e o olho seco. É importante
fazer o tratamento precoce para evirar possíveis complicações, como cicatrizes
palpebrais e oculares, que, em casos graves, podem ter consequências
irreversíveis.
“Algumas conjuntivites virais deixam pequenas
cicatrizes corneanas que podem diminuir a qualidade visual”, comenta o
coordenador do Departamento Científico de Oftalmologia da SMCC (Sociedade de
Medicina e Cirurgia de Campinas), Dr. Kleyton Arlindo Barella. “A conjuntivite
alérgica pode, pelo ato de coçar cronicamente, levar a um ceratocone, que se
caracteriza pela irregularidade da superfície e pela perda da rigidez da córnea
de forma definitiva. A blefarite e o olho seco crônicos podem levar a
triquíase, ou seja, ao crescimento irregular dos cílios para dentro, resolvendo
com epilação (retirada) toda vez que ele cresce ou com cirurgia”, explica.
De acordo com ele, é possível prevenir essas
doenças e os casos graves fazendo uma consulta anual com o oftalmologista,
único especialista habilitado para cuidar da saúde dos olhos, ou sempre que
houver algum sintoma ou piora na qualidade da visão. Entre os sintomas mais
comuns das doenças oculares de inverno, estão o prurido, que é uma coceira,
palpebral e ocular. “Lembrando que em 90% das vezes, o prurido ocular é
decorrente de alergia a ácaros, pólen ou por caspinhas na base dos cílios
causadas pela blefarite. Outro sintoma é a ardência ocular ou sensação de corpo
estranho”, orienta.
O uso de colírios em dias mais secos é recomendado,
mas, sempre que possível, devem ser prescritos por um oftalmologista com o
diagnóstico já feito. “Deixo como dica o cuidado na hora de comprar um colírio lubrificante.
Muitos pacientes chegam ao meu consultório dizendo que já estão usando um
lubrificante, quando, na verdade, estão utilizando um clareador ocular, o que,
muitas vezes, pode deixar o olho mais branco por um período, mas piorar o
sintoma de olho seco”, alerta Dr. Barella. Ele explica que as principais
lágrimas no mercado são à base de carmelose sódica, hialuronato de sódio ou
mistas. “Também podem ter apresentações com ou sem conservantes. O médico
oftalmologista prescreverá a mais adequada a cada caso”, comenta.
Uso de telas
Durante a pandemia, com o aumento de reuniões
on-line e aulas remotas, o uso de eletrônicos, que já era frequente, ficou
ainda maior. Este hábito também pode levar a problemas oculares. “O excesso de
telas pode levar, principalmente, ao aumento da miopia, pela baixa exposição
solar e aumento da acomodação (movimento ou força que o olho faz para focar
para perto), bem como ao aumento do olho seco, pois quando estamos utilizando
telas, piscamos menos que o normal, deixando nosso olho mais seco”, explica o
oftalmologista.
De acordo com ele, não existe um estudo científico
que afirme qual é o tempo ideal de uso de telas. “Digo sempre para meus
pacientes no consultório que o tempo ideal é aquele que não nos deixe com
sintomas oculares, que o equilíbrio é um dos segredos da vida. A prevenção para
evitar o aumento da miopia se baseia no equilíbrio no uso de telas, distância
mínima de leitura dos olhos de 40 cm (mais distante sempre que possível), estar
sempre em ambientes bem iluminados e praticar atividades em ambientes abertos”,
orienta.
SMCC
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