Sintomas podem se confundidos e causar o diagnóstico tardio; especialista em cirurgia ginecológica alerta para os sinais dessas doenças
Dores fortes na região
lombar, cólicas frequentes e dor nas nádegas e parte posterior das pernas podem
ser sinais de outra doença gerada pelo avanço da endometriose, o acometimento
do nervo ciático. Apesar de não ser tão frequente, a condição causa incômodos e
dificulta a mobilidade das mulheres atingidas. Segundo o especialista em
endometriose e cirurgia ginecológica, Dr. Thiers Soares , os sintomas das podem ser confundidos com outras doenças
articulares e musculares, retardando o diagnóstico.
A endometriose é uma
doença inflamatória do sistema reprodutor feminino, ocasionada quando o
endométrio - tecido que reveste o útero por dentro - se instala em vários
locais na cavidade abdominal, como ovário, intestino e bexiga. Dessa forma, a
doença pode encontrar várias formas de manifestação, inclusive na região do
nervo ciático.
Para quem não conhece,
a dor no nervo ciático ou ciatalgia é um problema comum que atinge quase 15% da
população mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde - OMS. Este
nervo é formado pela conjunção de raízes que saem da região mais baixa da
coluna vertebral (sacro) e é responsável pela enervação da perna, além da
movimentação dos pés.
Dr. Thiers Soares
explica que o nervo ciático é formado por ramos lombares (L4 e L5) e ramos
sacrais (S1, S2 e S3). "Ele tem um componente inicial que se localiza na
pelve, mas se alonga até a região posterior da coxa. Dessa forma, ele é um dos
responsáveis por controlar as articulações do quadril, joelhos e tornozelos,
além dos músculos das pernas e pés, afirma.
Sintomas da
endometriose no nervo ciático
Os sintomas da
endometriose podem se manifestar a partir de alguns indícios, como:
• Fortes dores na
região lombar
• Cólicas menstruais
fortes que irradiam as dores para as costas
• Dores e câimbras na
região posterior das coxas e pernas
• Dificuldades para
caminhar
Além das dores comuns,
a endometriose, caracterizada-se por sangramentos menstruais intensos e
desregulados, fadigas, dores fortes durante as relações sexuais, sangramento
intestinal no período menstrual e dificuldades para engravidar.
"Existe até uma
confusão sobre os sintomas com algumas doenças ortopédicas, mas o principal
ponto de diferenciação pode ser a relação das queixas de dor em coincidência
com o período menstrual, favorecendo o diagnóstico de endometriose",
reforça Thiers.
Tratamento requer
atenção e acompanhamento médico
Por ser uma condição
rara, é necessário fazer uma investigação intensa dos sinais apresentados para
determinar o diagnóstico, por isso, é importante realizar os exames de rotina
indicados pelo ginecologista. "Algumas pacientes podem melhorar os
sintomas com o tratamento medicamentoso, como anti-inflamatórios e opióides,
entretanto, muitas vezes, o tratamento cirúrgico é o mais indicado para estes
casos", conta Soares.
Para este tipo de
condição, o especialista em cirurgia ginecológica aponta para as técnicas da
laparoscopia e a robótica como opções para o tratamento. "Por serem
procedimentos menos invasivos, a laparoscopia e robótica permitem uma
recuperação mais rápida, oferecendo melhor qualidade de vida para as pacientes.
O robô ainda fornece uma vantagem adicional nesses casos, pois temos a visão
3D", relata o cirurgião e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Minimamente Invasiva - Capítulo Rio de Janeiro (SOBRACIL-RJ).
A partir da escolha
pela cirurgia robótica, o profissional pode atuar com mais mobilidade durante o
procedimento, isto porque o robô entrega uma alta capacidade de articulação,
bem diferente do que teria manualmente, com movimentos mais precisos e
angulados. "Como complemento ao tratamento, é importante associar a
fisioterapia pélvica para trazer uma recuperação mais rápida para a paciente,
aliviando as dores e levando a paciente retornar a sua rotina", conclui.
Dr. Thiers Soares - Graduado em Medicina pela Fundação Universitária Serra
dos Órgãos (2001), é atualmente presidente da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica - capítulo Rio de Janeiro - RJ e
médico do setor de endoscopia ginecológica (Laparoscopia, Robótica e
Histeroscopia) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Universidade do Estado
do Rio de Janeiro - UERJ). É membro honorário da Sociedade Romena de Cirurgia
Minimamente Invasiva em Ginecologia, membro honorário da Sociedade Búlgara de
Cirurgia Minimamente Invasiva, membro honorário da Sociedade Romeno-Germânica
de Ginecologia e Obstetrícia e membro da diretoria e comitês de duas das
maiores sociedades mundiais em cirurgia minimamente invasiva em ginecologia
(SLS e AAGL).
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