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Reflexo do aumento
de pedidos de delivery e da circulação dos motociclistas é sentido nos
atendimentos de traumas de hospitais
Um terço das pessoas que morrem no trânsito
brasileiro todos anos são jovens motociclistas, com idades até 35 anos. Dos 40
mil mortos no trânsito, 33,4% têm esse perfil, de acordo com o Ministério da
Saúde. Isso sem contar os milhares que ficam com sua capacidade intelectual ou
motora afetada. E a pandemia da covid-19 não mudou essa realidade. Na verdade,
intensificou. Em Curitiba (PR), de janeiro a abril deste ano, dos 1.426
acidentes de trânsito registrados pelo Batalhão de Polícia de Trânsito
(BPTran), 52,2% envolviam motos, motonetas e ciclomotores. Foram 745 casos que
deixaram 629 pessoas feridas. E mais alarmante ainda é o crescimento em 160% de
mortes, passando de cinco nos primeiros quatro meses de 2020 para 13 no mesmo
período de 2021.
A equipe médica do Hospital Universitário Cajuru,
que é referência em traumas e atende grande parte das vítimas de acidentes em
Curitiba e região pelo SUS, enfrenta esse cenário no dia a dia. De janeiro a
abril de 2021, 72% dos casos de batidas no trânsito que chegaram ao Pronto
Socorro do hospital envolviam motociclistas, um possível reflexo do aumento da
movimentação dos serviços de entrega no período.
Segundo o coordenador médico do Cajuru, José
Rodriguez, o mais preocupante é que além de serem mais numerosos, os acidentes
com motos são os casos que possuem maior gravidade também. “Esse tipo de
veículo garante mais agilidade de locomoção no trânsito, mas também leva a uma
maior exposição do corpo. Então, quando ocorre um acidente, a vítima pode
sofrer lesões sérias”, diz. “Os principais traumas são de crânio encefálico e
traumas de membros como fraturas, amputações ou perda permanente dos
movimentos. Além disso, são frequentes os traumas internos, como tórax e
abdômen, que podem levar o paciente à morte”, explica o médico.
Para o médico ortopedista e traumatologista do
hospital, Eduardo Novak, o primeiro atendimento é essencial para avaliar o
trauma como um todo. “Nessa primeira etapa é possível ganhar tempo, identificar
as lesões e realizar o procedimento adequado o quanto antes. Mas o mais
importante é tentar evitar estes acidentes, por isso a necessidade da
conscientização de todos”, afirma o especialista.
Movimentação em crescimento
Um estudo realizado pela Statista, empresa
especializada em dados de mercado e consumidores, destacou um aumento na
porcentagem de usuários de aplicativos de entrega de comida no Brasil. Cerca de
47% dos proprietários de smartphones usaram este tipo de programa em 2017. Em
2020 e 2021, esse percentual já passa de 80%. Crescimento do delivery que
aparece nos números e também nas ruas, demonstram uma movimentação de
motociclistas que não parou ao longo da pandemia.
E com a possível retomada da circulação nas cidades
nos próximos meses, cresce também o alerta para redobrar os cuidados com todos
os tipos de acidentes e traumas, visto que eles têm impacto direto nas demandas
dos hospitais SUS, que são referências nesse tipo de atendimento. “O pedido
para a conscientização da população é geral nesse momento em que o sistema de
saúde como um todo ainda sofre com a sobrecarga. São casos de urgência e
emergência que chegam pelo pronto socorro e são atendidos de forma 100% SUS
para todos os pacientes. E é graças a esse trabalho e a quem dá apoio para a
manutenção desse atendimento que tantas vidas são salvas", reforça o
diretor do hospital, Juliano Gasparetto.
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