População masculina tem maior número de casos de câncer da pele, hanseníase e sífilis, aponta Sociedade Brasileira de Dermatologia
Os homens são as principais vítimas de câncer da
pele no Brasil. Essa é a conclusão de um levantamento da Sociedade Brasileira
de Dermatologia (SBD) divulgado nesta quinta-feira (15), Dia do Homem. No
período analisado, de 2010 a 2019, do total de óbitos decorrentes de
complicações dessa doença, 57,5% (20.959) ocorreram na população masculina.
Entre as mulheres foram 42,5% (15.517 mortes). Os dados analisados são os
fornecidos pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema de
Informações Ambulatoriais (SIA/SUS) - ambos do Ministério da Saúde.
Clique aqui para visualizar os números
sobre mortalidade por câncer de pele.
O trabalho revela outra situação preocupante no
que se refere à saúde da população masculina: a prevenção ao câncer de pele não
tem muita repercussão dentro deste segmento. Um exemplo é o que revelam números
de exames realizados na rede pública para diagnóstico do câncer de pele. No
período de janeiro de 2012 a abril de 2021, do total de pacientes que fizeram exames
para diagnosticar a doença, somente 28% (567.940) eram do sexo masculino, em
oposição a 45% (914.090) de mulheres.
"O câncer de pele é um exemplo dos problemas
de saúde no campo da dermatologia que são mais prevalentes entre os homens. Mas
há outros, como a sífilis e a hanseníase. Todas essas são doenças com
prevalência maior dentro da população masculina. Infelizmente, esse grupo ainda
tem resistência em buscar orientação e ajuda nos consultórios médicos",
afirma Heitor de Sá Gonçalves, vice-presidente da SBD.
Clique aqui para visualizar os números
sobre exames diagnósticos para câncer de pele.
Carcinomas - O crescimento descontrolado das células que compõem a pele
provoca o câncer de pele, que tem diferentes tipos. Os mais comuns são os
carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Porém, mais raro e letal que os
carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer de pele, devido à alta
possibilidade de provocar metástase.
Segundo Heitor Gonçalves, os homens desenvolvem
mais chances de desenvolver o câncer da pele por conta de hábitos que o colocam
em risco. "O homem sai muito mais de casa para trabalhar e para lazer.
Assim, acaba se expondo muito mais ao sol, principalmente na zona rural",
destacou o vice-presidente. No entanto, esse não é o único problema de saúde
relacionado à assistência dermatológica envolvendo a população masculina.
Sífilis - Números analisados pela SBD revelam que entre janeiro de 2010
e junho de 2020 um total de 468.759 homens foram diagnosticados com sífilis no
Brasil. Segundo as informações do Departamento de Doenças de Condições Crônicas
e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, até o ano
passado, a quantidade de homens contaminados era quase duas vezes maior do que
de mulheres.
Em 2020, do total de casos de sífilis
diagnosticados 62,6% eram na população masculina e 37,4% na feminina.
"Essa doença é mais comum no homem, provavelmente, porque são indivíduos
que adotam um comportamento de risco do ponto de vista sexual. Isso aumenta a
possibilidade de adquirir a infecção pelo treponema, que é o causador da
sífilis", explica Heitor Gonçalves.
Hanseníase - As bases analisadas pela SBD ainda revelam que a população
masculina também se destaca nas estatísticas de hanseníase. No Brasil, os
homens representam 55% do total de casos novos detectados na última década. Os
números são informados pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
O vice-presidente da SBD reitera que "a
hanseníase acomete mais o homem no mundo todo. Não há nenhuma diferença
imunológica, genética e hormonal que justifique esse fenômeno. Acredita-se que
esta alta incidência decorre de fatores como o homem ter que sair mais de casa
para trabalhar e sua maior exposição em aglomerações, o que facilita contágio
desta doença. Por exemplo, isso ocorre nos meios de transporte urbanos".
Para prevenção dessas doenças, Gonçalves é
enfático em afirmar que a mudança de hábitos é essencial. "Neste sentido,
o homem deve evitar comportamento de risco. No campo sexual, deve ter o hábito
de usar o preservativo. Quando o assunto é câncer de pele a grande estratégia é
usar o filtro solar logo ao acordar, aliado à redução da exposição sol,
sobretudo no período de 9h às 15h".
Queixas - Mas câncer de pele, sífilis e hanseníase não são os únicos
problemas dermatológicos que afetam os homens. Os especialistas também citam
outros problemas que costumam levar homens aos consultórios. Segundo Fabiane
Mulinari Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD, um
dos principais motivos que leva a população masculina ao médico é a necessidade
de tratar alopecias.
"Esse quadro se divide em dois tipos:
cicatriciais e não cicatriciais. As mais comuns são a androgenética, conhecida popularmente como calvície, e
areata. Além dos eflúvios telógenos, que são períodos temporários de queda e
rarefação", explica a especialista. Ela destacou ainda que há
manifestações que têm origem genética, autoimune ou decorrentes de episódios de estresse, por remédios ou outras doenças, como a
covid-19.
No entanto, afirmou Fabiane Brenner, em geral,
o tratamento para a alopecia é longo. "Por isso, é importante o paciente
ir a um dermatologista, para que o médico o acompanhe", frisou.
Além disso, todo paciente, independemente da
alopecia, deve manter cuidados rotineiros para ter cabelos saudáveis. "Entre as medidas, estão: usar xampu adequado ao tipo de cabelo; passar condicionador
somente nas pontas do cabelo, evitar tratamentos químicos, como alisamento e
tintura; cortar o cabelo de forma
frequente; desembaraçar os fios no banho e adotar
pentes de dentes largos na hora de arrumar o cabelo", disse.
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