O título acima foi tema de um painel de recente live denominada “Desafios Atuais e a Reinvenção do Movimento Sindical”, da qual participei como palestrante. O evento reuniu um seleto elenco de expositores e teve como organizadores o Ministério Público do Trabalho, a Escola Judicial e o Fórum de Promoção da Liberdade Sindical (TRT 15 Região-Campinas).
A iniciativa nos ofereceu a oportunidade para
discutirmos e avançarmos na valorização das negociações coletivas. O assunto
vem sendo amplamente analisado pela UGT Nacional e pela UGT São Paulo,
presididas, respectivamente, por Ricardo Patah e Amauri Mortágua. O tema também
é debatido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) e
pela Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários),
entidades por mim presididas.
Valorização
Entre as resoluções que tomamos junto aos 71
Sindicatos filiados à Federação, divididos em doze regionais, destaquei ações
que visam preservar a saúde, o emprego, o salário e os direitos dos
trabalhadores. Uma das saídas para tanto é valorizar as negociações coletivas
diante da pandemia da Covid-19. O sindicalismo comerciário entende que esta
valorização também contribui para a sobrevivência das lojas, muitas ameaçadas
de falência por conta da crise. Por isso, estreitamos as nossas relações com os
patrões, prefeitos, secretários, Câmaras Municipais e com o governo estadual, na
busca de consensos.
Temos atuado para adotar as seguintes medidas: 1)
As negociações coletivas devem ser feitas caso a caso. 2) As empresas
interessadas em negociar devem enviar aos sindicatos seus pleitos. 3) Se for o
caso, negociar a adoção de férias individuais, coletivas, banco de horas e
afins. 4) Apenas num segundo momento discutir outras medidas, como suspensão do
contrato de trabalho e redução da jornada de trabalho e salário. 5) Discutir
caso a caso as demandas das empresas.
Fortalecimento
As minhas atuações em Brasília, como deputado
federal, também estão focadas na diminuição dos efeitos da pandemia junto à
classe trabalhadora e na busca de abertura de créditos às micro e pequenas
empresas. Na verdade, são ações conjugadas entre sindicalismo e o meu mandato
parlamentar que se configuram em levar para a Câmara as reivindicações do
movimento sindical. O objetivo é fortalecer, por exemplo, a legitimidade dos
Sindicatos, Federações e Confederações com forte participação nestas
negociações.
Emendas
Recentemente, apresentei cinco emendas à MP 1.045,
que institui o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e
retoma medidas adotadas pelo governo em 2020 para o combate à pandemia de
Covid-19, no âmbito das relações de trabalho. De acordo com a MP, as empresas
podem reduzir a jornada de trabalho e o salário ou suspender os contratos de
trabalho. A medida visa preservar o emprego e a renda dos trabalhadores e
minimizar o impacto social decorrente da pandemia.
As emendas apresentadas por mim têm como objetivo
assegurar os direitos e as garantias dos trabalhadores previstos nos acordos
coletivos de trabalho. Elas visam adequar a MP 1.045 aos ditames da
Constituição Federal, privilegiando o princípio da negociação coletiva e,
também, garantir a recomposição da renda plena a fim de que o valor do
benefício emergencial seja suficiente para a manutenção da renda do
trabalhador.
Trâmite
Em vigor, a MP 1.045, publicada em 28 de abril, tem
prazo de 120 dias para ser avaliada e votada no Congresso Nacional. Se não
houver modificação, o texto original do governo é promulgado e convertido em
lei ordinária. Conforme detalhou o Diap, “o artigo 11 manteve a previsão de que
as medidas de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou de
suspensão temporária do contrato de trabalho poderão ser celebradas por meio de
negociação coletiva”.
O artigo 12, por sua vez, sofreu alterações na
versão atual do benefício emergencial ao prever tanto o acordo individual
quanto a negociação coletiva para quem tem salário igual ou inferior a até R$
3.300,00, independentemente do porte da empresa. O deputado Christino Áureo
(PP/RJ) foi designado relator da MP 1.045, que recebeu 407 emendas. Apresentado
o seu parecer, a MP segue para votação em Plenário. Aprovada na Câmara, segue
pelo Senado antes de ser convertida em lei.
Subsídios
Por fim, a MP 1.046, que flexibiliza a legislação
trabalhista, recebeu 315 emendas. Ela ainda não tem relator. Enfim, seja no
movimento sindical ou em Brasília, as minhas condutas e formas de enfrentamento
às dificuldades impostas pela pandemia às negociações coletivas defendem a
negociação construtiva e propositiva. Sabemos que não é tarefa fácil. Mas tenho
certeza que os debates como vistos no evento apontado acima nos darão mais
subsídios para alcançarmos estes nossos objetivos.
Luiz Carlos Motta - Presidente
da Fecomerciários, da CNTC e Deputado Federal (PL/SP)
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