Um litro de leite
materno pode atender até dez recém-nascidos que necessitem do alimento, afirma
especialista do CEJAM; saiba como doar
A amamentação é, isoladamente,
a estratégia que mais contribui para a diminuição da mortalidade infantil em
todo o mundo, conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde). Dados do
Ministério da Saúde apontam que o leite materno pode reduzir até 13% a
mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos. Além disso, os
riscos de desenvolver um câncer de mama reduzem em 6% a cada ano que a mulher
amamenta.
Para conscientizar a sociedade sobre a importância do aleitamento materno e da
doação do leite humano, foi criado o Dia Mundial de Doação do Leite Humano,
celebrado em 19 de maio. No Brasil, a data marca o início da Semana Nacional de
Doação do Leite Humano, que visa promover o debate em todo o país acerca do
assunto, sob o slogan: “A pandemia trouxe mudanças, a sua doação traz
esperança”, além de divulgar os Bancos de Leite espalhados nos estados e
municípios brasileiros.
De acordo com a enfermeira Maria Lúcia Ferreira Ramos Silva, coordenadora
do Banco de Leite, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas
"Dr. João Amorim", do Hospital Municipal do Campo Limpo, conveniado ao
Programa Parto Seguro à Mãe Paulistana, o leite materno pode evitar infecções
respiratórias, intestinais e diminuir os riscos de alergias e diarreias.
Os benefícios podem ser vistos também ao longo da vida adulta, podendo evitar
diabetes, colesterol alto, hipertensão e obesidade. O leite materno também
ajuda a combater a fome e a desnutrição em todas as suas formas e a garantir a
segurança alimentar de crianças por todo o mundo. Por esse motivo, o alimento é
indicado pela OMS como exclusivo durante os primeiros seis meses de vida e
contínuo – com a introdução de novos alimentos – até os dois anos de idade.
“Além dos benefícios à saúde e desenvolvimento da criança, a amamentação é um
estabelecimento afetivo entre a mãe e o bebê. Por meio dela, são transmitidos
segurança, proteção e amor”, destaca a enfermeira.
Doação que traz esperança
Apesar de conter, na medida certa, todos os nutrientes necessários para o
desenvolvimento, existem contextos em que os bebês não conseguem mamar no
peito, como casos de prematuros, recém-nascidos doentes ou com baixo peso, além
de mulheres com dificuldades para amamentar.
É aí que entram os Bancos de Leite, que funcionam como centro de apoio,
proteção e promoção ao aleitamento materno, garantindo o alimento a crianças por
meio de um trabalho desenvolvido em conjunto com as UTIs neonatais.
Os profissionais dos Bancos de Leite oferecem todo o suporte para coleta,
armazenamento, seleção, classificação, processamento, controle de qualidade,
estocagem sob congelamento e distribuição sob prescrição do leite materno
doado.
“A doação é essencial para ajudar a salvar vidas. Um litro de leite humano pode
atender até dez recém-nascidos internados”, afirma Maria Lúcia.
A especialista ressalta que a pandemia, felizmente, não afetou o recebimento de
doações no Banco de Leite do Hospital Municipal do Campo Limpo, que coletou, em
2020, cerca de 872 litros de leite materno, ante 616 litros em 2019. De janeiro
a abril de 2021, já foram coletados mais de 298 litros.
“O aumento se dá pelo fato de as doadoras estarem em casa durante este período,
o que aumenta a disponibilidade, além do trabalho de divulgação efetuado nas
redes sociais do hospital, que tem sido importante para que os estoques
permaneçam abastecidos”, explica.
Qualquer mulher em fase de amamentação pode doar?
Qualquer mulher que esteja amamentando ou que produza leite em excesso pode
doar. Para isso, no entanto, é necessário que a mãe esteja saudável, não faça
uso de nenhum medicamento controlado, não tenha feito tatuagem e recebido
transfusão sanguínea por, no mínimo, um ano e disponha de tempo para ordenhar e
doar o leite excedente.
A especialista reitera que os Bancos de Leite Humano fazem uma pré-pesquisa do
histórico da mãe e agendam uma visita, com todas as precauções exigidas pela
pandemia, para coletar os exames necessários que comprovem que ela está apta
para fazer a doação e orientar a respeito da retirada e armazenamento do leite.
A coleta é realizada semanalmente.
Mulheres que estão com suspeita ou foram contaminadas pela Covid-19 devem
suspender a doação por 14 dias. Porém, a amamentação de seus bebês deve
permanecer sem interrupção, seguindo protocolos de higiene nas mãos e uso de
máscara.
Confira a relação de Bancos de Leite Humano no Estado de São Paulo: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/arquivos/secretarias/saude/crianca/0011/Relacao_Banco_Leite_Humano.pdf
CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas “Dr. João Amorim”
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