Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica defende uso dos procedimentos desde o diagnóstico como forma de garantir bem-estar e qualidade de vida aos pacientes
Desde 2005, o câncer é a principal causa de morte
entre pacientes de 1 a 19 anos no Brasil. Anualmente, cerca de 12 mil crianças
e adolescentes são diagnosticados com câncer no País, uma média de 32 casos por
dia. Cada vez mais, quando se fala de tratamento em oncologia pediátrica, tem
havido um aumento na conscientização da necessidade dos cuidados paliativos que
constituem todos os recursos disponíveis para garantir ao paciente e sua
família um tratamento humanizado e que prioriza a qualidade de vida desde o
diagnóstico.
“Diferente do que, popularmente, se pensa, os
cuidados paliativos não são aplicáveis apenas àqueles pacientes terminais ou
que não têm a possibilidade de cura'', explica o presidente da Sociedade
Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), Dr. Neviçolino Pereira.
Identificar, avaliar e tratar a dor e outros
problemas de ordem física, psicossocial e espiritual são pilares fundamentais
da estratégia da equipe multiprofissional envolvida no cuidado integral do
paciente (OMS, 2002).
Equipe multidisciplinar - Por sua vez, a importância da atuação de uma equipe
de saúde preparada e que saiba lidar com os cuidados paliativos também é
ressaltada por Pereira: “Aspecto fundamental do tratamento visando a qualidade
de vida do paciente é o acompanhamento por uma equipe multiprofissional
integrada e em constante aprimoramento. Minimizar os efeitos agudos da terapia
é fator primordial para garantirmos o bem-estar do paciente”.
Nesse trabalho conjunto, o especialista diz que há
alguns objetivos, como o controle da dor adequada, o suporte psicológico e de
medidas gerais durante todas as fases do tratamento. “Isso faz a diferença e
garante ao paciente uma assistência integral”, conclui.
Para quem ainda se sente inseguro sobre o
reconhecimento e eficácia do tratamento paliativo na oncologia pediátrica, o
presidente da SOBOPE ressalta os aspectos legais de tais tratamentos: “A
Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) 1973/2011, publicada no Diário
Oficial da União, reconheceu três novas áreas de atuação médica: medicina do
sono, medicina paliativa e medicina tropical. Portanto, os cuidados paliativos
são uma realidade e um avanço na medicina”, defende.
Apoio à família - O cuidado global e integral à criança e ao
adolescente com câncer deve ser estendido à sua família que, muitas vezes,
também precisa de auxílio para aceitar a enfermidade e que o acompanhará em
todo o processo de tratamento. Dessa forma, não há cuidado paliativo eficiente
sem uma forte aliança entre paciente, família e equipe de saúde, afirma Pereira.
“A família é determinante para que possamos aliviar o
sofrimento do paciente. É preciso que a equipe de saúde se informe da dinâmica
familiar do paciente, ou seja, suas crenças, seus valores e até sua condição
social para que o tratamento seja cada vez mais focado no bem-estar, amenizando
e ressignificando os momentos mais difíceis do tratamento”, finaliza o
presidente da SOBOPE.
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