Escovação diária
dos dentes e consultas periódicas ao médico-veterinário são medidas preventivas
A doença periodontal atinge aproximadamente 80% dos
cães e gatos, mostrando-se uma vilã na manutenção da saúde geral dos pets. No
Dia Mundial da Saúde Oral (20/03), o Conselho Regional de Medicina Veterinária
do Estado de São Paulo (CRMV-SP) alerta que o simples hábito de escovar os
dentes dos animais de estimação evita sérias infecções que podem atingir órgãos
e comprometer a vida dos peludos.
Provocada pela presença de placas bacterianas nos
dentes, a doença periodontal é a alteração na estrutura da gengiva e dos
tecidos de sustentação dos dentes.
O médico-veterinário Eduardo Pacheco, da Comissão
Técnica de Clínicos de Pequenos Animais (CTCPA) do CRMV-SP, explica que,
inicialmente, o cão ou o gato desenvolve uma gengivite, que é a inflamação da
gengiva. Se não tratada, ela evolui para a periodontite, quando os ligamentos e
ossos que dão suporte aos dentes inflamam e infeccionam.
Sinais do problema
Os sinais mais clássicos são forte mau hálito,
vermelhidão, inchaço e sangramento das gengivas, além de dificuldade de
mastigar. “O animal apresenta sinal de dor e os dentes recobertos por uma
camada amarelada ou amarronzada, que é o cálculo dentário, chamado de tártaro”,
menciona Pacheco.
Porém, os indícios da doença nem sempre são
evidentes. O conselheiro do CRMV-SP, Leonel Rocha, que atua na área de
odontologia veterinária, alerta para o fato de a doença periodontal ser
silenciosa por um longo período, o que acaba contribuindo para um diagnóstico
tardio.
Complicações
“O resultado é a queda dos dentes, com exposição da
raiz dentária, dificuldade para se alimentar e, especialmente, uma disseminação
bacteriana por via sanguínea”, argumenta Pacheco.
Com isso, há probabilidade de agravamentos no
quadro geral de saúde do animal. “Todo o processo inflamatório leva a
complicações, chegando aos rins, fígado, coração e articulação, assim como
provocam estresse imunológico”, ressalta Rocha.
Raças pequenas exigem mais cuidados
Os cães de pequeno porte são os que têm mais
chances de sofrer da doença periodontal. Leonel Rocha comenta que, normalmente,
70% deles são acometidos a partir dos cinco anos de idade.
Isso porque, proporcionalmente, raças menores têm
dentes grandes. Por consequência, possuem osso e dentes com espessura mais
fina, além de a dentição mais apertada, o que favorece o acúmulo de resíduos e
dificulta a limpeza”, esclarece.
Essas características são desfavoráveis para
autolimpeza em comparação às de cães maiores. “Em um pastor alemão, por
exemplo, podemos perceber que o primeiro pré-molar superior se encaixa
exatamente entre o primeiro e o segundo pré-molares inferiores, e assim é
sucessivamente. Isso promove uma autolimpeza.”
Tratamento cirúrgico
A doença periodontal pode ser tratada apenas
cirurgicamente. Sob anestesia geral, o animal é submetido à raspagem de
eventuais raízes expostas e polimento de dentes. Em casos em que há
comprometimento dos tecidos de sustentação, pode haver a extração dentária. O
procedimento pode levar de uma a duas horas de duração, dependendo da
gravidade.
O valor da escovação diária
A maneira mais eficiente de prevenir a doença é
promover a escovação diária dos dentes dos pets. “Apenas uma vez na semana, na
visita ao petshop, a higienização não tem eficácia. Da mesma forma, não adianta
substituir a escovação por brinquedos e petiscos que prometem fazer a limpeza
dos dentes. Eles contribuem, mas não são a principal medida”, ressalta o
conselheiro do CRMV-SP, Leonel Rocha.
A limpeza diária deve se tornar um hábito desde a
infância do pet, para que o animal já se acostume com a higienização e para que
a prevenção ocorra desde filhote.
Outra medida fundamental é levar o pet para
consulta ao médico-veterinário, quando será avaliada a necessidade de exames e
de profilaxia. “Cerca de 80% dos problemas ocorrem abaixo da linha da gengiva.
Por isso, é importante um exame de raio-x intra-oral, para saber como está a
saúde nesta região”, diz Rocha.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina
Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização
do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando
pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos
médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com mais de 39 mil
profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e
municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário