Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP, por meio do Instituto Biológico, desenvolve pesquisas com as chamadas pragas urbanas
Importantes pragas em
áreas urbanas, as traças infestam roupas, papeis, tapeçarias, estofados,
livros, frutas secas, grãos, alimentos armazenados e muitos outros produtos.
Elas são objetos de pesquisa no Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que mantém uma Unidade de
Referência em Pragas Urbanas na capital paulista. Durante o verão, a ocorrência
dessas pragas é maior, devido as altas temperaturas, por isso, a Secretaria faz
uma série com orientações sobre como prevenir e controlar formigas, cupins,
roedores, carunchos, baratas e cupins.
Ouça podcast sobre o tema:
Spotify - https://open.spotify.com/episode/3dQkLYfmfxeVxLD7SRhX8D?si=T4nt0uu3QJuh1QVUqrkPsA
Soudncloud - https://soundcloud.com/user-326872100-410422792/saa-tracas
Segundo o pesquisador do IB, Francisco José Zorzenon, na área urbana é possível
identificar três grupos distintos de traças: as dos produtos armazenados, dos
livros e das roupas, também conhecidas como de parede.
"Existe também uma grande quantidade de traças que infestam plantas
agrícolas, atacando grãos, hortaliças e frutas frescas, causando enormes
prejuízos à agricultura. Há ainda espécies de traças que se alimentam da cera
dos favos produzida pelas abelhas, destruindo-os e causando grandes perdas aos
criadores de abelhas melíferas", explica o pesquisador.
Encontradas em grãos e produtos armazenados, as traças atacam milho, trigo,
arroz, frutas, farinhas, bolachas e biscoitos, cereais matinais, chocolates,
entre muitos outros produtos agropecuários. Segundo pesquisador do IB, elas se
desenvolvem em alimentos, destruindo-os e contaminando-os com suas fezes,
fragmentos do próprio corpo, como escamas de asas, pernas e o próprio inseto
morto e fios de seda característicos.
"As lagartas de muitas espécies de traças deixam rastros de sua passagem
pelos alimentos, através da secreção de fios de seda, semelhantes a
"teias", que servem para a melhor locomoção pelo alimento. Após a
transformação da lagarta para a forma adulta (mariposa), machos e fêmeas se
acasalam e seguem o seu ciclo de vida, colocando ovos, infestando novos
alimentos ou reinfestando o próprio material onde se desenvolveram",
explica.
As pequenas mariposas são de coloração pálida, pouco vistosas, variando de
espécie para espécie. "O ciclo biológico das traças de produtos
armazenados é variado, dependendo da espécie infestante, da temperatura,
umidade relativa do ar, alimento, dentre muitos outros fatores. Normalmente os
ciclos se completam em tempo relativamente curto, variando entre algumas
semanas a poucos meses", afirma.
Livros e roupas
As traças dos livros são prateadas, com pouco mais de 1 cm de comprimento. Elas
possuem formato alongado e achatado, com três filamentos compridos que saem no
final do corpo. São conhecidas também como silverfish (em inglês) por lembrar
vagamente o aspecto de um peixe prateado.
Essas traças estão entre os insetos mais primitivos conhecidos pelos seres
humanos, sendo encontradas no mundo todo. "Alimentam-se de uma infinidade
de produtos como papel, papelão, revistas, páginas e capas de livros, papel de
parede, além de farinhas, roupas, tecidos de roupas, insetos mortos, dentre
outros. Possuem hábito noturno, sendo encontradas preferencialmente em
ambientes escuros e úmidos, podendo viver por quatro a sete anos! São muito
ágeis e escondem-se rapidamente em frestas de móveis, armários, rodapés e
caixas. Normalmente são levadas de um ambiente a outro junto a livros e
utensílios domésticos em mudanças. Em museus, bibliotecas, tecelagens,
supermercados, hotéis e em muitos outros estabelecimentos comerciais, essas
traças podem ser encontradas causando danos significativos", explica o
pesquisador do IB.
As traças das roupas ou também conhecidas por traças de parede, são bem
diferentes das traças dos livros. Os adultos são pequenas mariposas e quando
ainda jovens, as lagartas tecem uma espécie de "casinha", um pequeno
estojo achatado para sua proteção. Dentro desta "casinha" protetora,
a lagarta é vista se deslocando pelas paredes (daí seu nome traça de parede) e
se desenvolvendo alimentando-se de materiais como tapetes, roupas de lã,
tecidos, estofamentos, fungos e até mesmo de pelos e cabelos caídos no chão.
"As traças de roupas são um dos poucos animais existentes que conseguem
digerir a queratina, proteína existente nos cabelos e pele das pessoas. Por
esse motivo são tão comuns em banheiros e quartos, onde normalmente nos
penteamos. Também atacam principalmente as roupas usadas e que contenham suor a
procura de sais minerais e gorduras corporais. Os locais mais comuns, onde
encontramos os famosos e indesejados "furinhos de traças" são nas
áreas das roupas de maior contato com a pele, como colarinhos e punhos de
camisas e na linha da cintura e barriga", afirma Zorzenon.
O que fazer?
O pesquisador do IB dá algumas dicas sobre o que fazer para evitar ou diminuir
o transtorno causado pelos diversos tipos de traça. Segundo Zorzenon, prevenção
e o controle, de um modo geral, dependem da observação constante e atenção ao
início da infestação, que será sempre mais fácil de ser controlada.
"Para as traças dos livros e das roupas, evitar acumular papéis velhos,
mantendo livros e revistas em locais adequados e limpos, evitar pontos de
umidade (principalmente em gabinetes escuros de pias), impedir a entrada de
objetos em caixas de papelão provenientes de locais infestados, manter limpos
rodapés e frestas por meio de aspirador de pó, inspecionar periodicamente
roupas, tapetes e outros objetos suscetíveis, manter estantes, armários e
gabinetes arejados e limpos", lista.
Roupas atacadas poderão ser colocadas em sacos plásticos e dispostas em freezer
por alguns dias, matando os ovos e traças (ou insetos) infestantes. Alimentos
infestados ou suspeitos do ataque de traças deverão ser descartados. "Em
infestações muito graves, a contratação de uma empresa profissional controladora
de pragas, certamente será a melhor opção a ser adotada", afirma.
IB é referência em pragas urbanas
O Instituto Biológico é referência em pesquisas com pragas urbanas. O Instituto
mantém em São Paulo a Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas, que
desenvolve estudos em métodos alternativos de controle de insetos utilizando
extratos vegetais e radiação gama. A unidade de pesquisa desenvolve
metodologias de testes de eficiência de produtos comerciais para fins de
comprovação de atuação e emite laudos e pareceres técnicos sobre identificação
da(s) praga(s), grau de infestação e melhor técnica de controle a ser aplicado
em residências, condomínios verticais e horizontais, parques, jardins,
arborização urbana, entre outros.
Também são desenvolvidas pesquisas nas áreas de biologia, comportamento,
taxonomia, levantamento, ocorrência e ecologia das principais pragas detectadas
em áreas urbanas. Além dessas atividades, o grupo tem oferecido, com
regularidade, cursos técnicos para controladores de pragas, técnicos em
controle de pragas das Prefeituras Municipais, empresas particulares de
serviços de jardinagem, produtores de mudas de plantas ornamentais, engenheiros
agrônomos, biólogos, paisagistas, arquitetos, profissionais das áreas de museus,
bibliotecas, conservação de patrimônios e restauradores, além de assessorar no
treinamento de técnicos responsáveis por parques e jardins municipais no
tocante à identificação de danos e controle, inclusive de outros estados.
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