Nossa forma atual de ensino, onde o modelo é
centrado na figura do professor como transmissor do conhecimento e que se
expandiu ao longo dos séculos XVIII e XIX, já vem mostrando há algum tempo
sinais de que precisa ser totalmente revisada. Mas enquanto essa reformulação
mais profunda não acontece, o homeschooling pode oferecer uma
alternativa aos pais mais insatisfeitos.
Nosso currículo escolar foi basicamente
impulsionado pela Revolução Industrial e, consequentemente, pela urbanização e o
aumento demográfico da época, o qual prepara o jovem para uma dinâmica fabril
(horários rígidos, disciplina hierárquica, compartimentalização do conhecimento
e processo com começo, meio e fim), o que não condiz mais com as necessidades
de uma sociedade moderna.
Na realidade, o aprendizado tradicional nunca
atendeu às necessidades de preparação para uma vida adulta plena, que inclui
tópicos como autoconhecimento, inteligência emocional, oratória, pensamento
crítico, finanças pessoais, resolução de conflitos, etc.
A possibilidade de focar tempo e recursos em
questões de fato mais relevantes, também abre espaço para que o jovem possa
experimentar atividades que queira exercer profissionalmente na vida adulta, ao
invés de se orientar por um teste vocacional feito em alguns minutos e acabar
decidindo o seu futuro com base em evidências rasas.
Porém, para adotá-lo é importante ressaltar
dois fatores: a criança não deve deixar de forma alguma de interagir com outras
da mesma idade e o ensino domiciliar deve ser avaliado de forma clara e
padronizada para garantir que essa opção de acesso à educação cumpra alguns
requisitos mínimos de qualidade e conteúdo.
Dentre os benefícios, destaco a maior socialização
entre aluno e tutor, elo muito sensível nos dias atuais e intrínseco na Era
Clássica. Aristóteles aprendeu com Platão, que aprendeu com Sócrates. Com quem
nós aprendemos? A escola "industrial" afastou mestre e aprendiz ao
longo das décadas, o que se intensificou nos últimos tempos. Além disso, educar
em casa pode significar uma importante economia para o orçamento familiar,
mesmo que esse não seja o principal fator de decisão. É necessário ponderar se
a qualidade do ensino proporcionado em casa será melhor do que em uma
instituição de ensino.
Embora haja mais liberdade para a seleção do
conteúdo que será ensinado às crianças, é necessário um currículo mínimo a ser
cumprido em cada idade. Isso é importante não somente para garantir uma
harmonização mínima da educação no país, como também para avaliar a aptidão
para o ingresso no sistema educacional voltado para as fases mais
avançadas.
André Alves - cofundador e CEO da Shapp, startup
que conecta quem deseja compartilhar a quem quer adquirir conhecimento através
de um app. Utilizou toda sua experiência em tecnologia para capitanear o
desenvolvimento e programação da plataforma desde a concepção até a
implementação. Engenheiro mecânico pela Poli-USP, com MBA em Gestão de Projetos
pela FIA, atuou nos setores de aviação e industrial e teve passagens pela
Hyster-Yale e Schneider Electric.
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