"O Dr. Kauê De Cezaro dos Santos, médico do Hospital Albert Sabin, fala sobre os riscos de epidemias no Brasil para o próximo ano"
Uma epidemia é a concentração de determinados casos de uma doença em um
mesmo local e época, claramente em excesso em relação ao que seria teoricamente
esperado. O termo tem origem no grego clássico: epi (sobre) + demos (povo). “Na
história, sete epidemias foram decisivas para a raça humana. São elas:
tuberculose, varíola, gripe espanhola, tifo, sarampo, malária e AIDS.
Infelizmente, cepas de vírus mutantes, doenças recrudescentes e o descaso com a
saúde preventiva demonstram fatores determinantes como causa de retorno das
epidemias antes eliminadas, como, por exemplo, o sarampo”, explica o Dr. Kauê
De Cezaro dos Santos, Clínico Geral e Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Albert Sabin (HAS).
Devido à facilidade de disseminação e transmissão, doenças como a
dengue, zika, chikungunya, febre amarela e sarampo, essa última tida como
erradicada no Brasil, correm o risco de tornarem-se epidêmicas em 2020, alertam
o Ministério da Saúde e a OMS. “Em comum, essas enfermidades seguem dois
critérios: alta transmissibilidade e hospedeiros transmissores inseridos na
sociedade (Aedes aegypti no caso da dengue e o próprio ser humano no caso do
sarampo)”, observa o Dr. kauê.
Citando o estado de São Paulo como exemplo, dados do Ministério da Saúde
apontam que o número de casos prováveis de dengue aumentou mais de 1.000% em
comparação com janeiro de 2018. Até o dia 02 de fevereiro, o estado notificou
17.004 casos da doença. No mesmo período de 2018, foram registrados 1.450 casos
de dengue. Esse cenário torna a projeção para o ano que vem ainda mais
preocupante e não só para o caso da dengue, mas também em relação a outras
doenças infecciosas.
Como causas, o descaso com a saúde preventiva, ou seja, a vacinação é
uma das mais graves. Contudo, nos casos em que a doença não é previsível como
ebola, por exemplo, o principal agente é a locomoção de infectados.
Transmissores da doença por locais de grande aglomeração, como aeroportos,
portos, rodoviárias e outras zonas de grandes aglomerações são o principal
risco para a contaminação em larga escala. “Em 2019, já observamos o retorno do
sarampo e, para 2020, é possível que doenças como outros subtipos da dengue,
vírus da gripe, ebola, febre hemorrágica boliviana, febre de Lassa, febre
hemorrágica de Marbug e outras sejam motivo de grande preocupação mundo afora”,
conta o médico.
Quanto aos esforços para a erradicação das doenças epidêmicas, o ideal é
que se concentrem em duas frentes, o “ataque” e a “defesa”. A primeira consiste
em evitar a propagação da doença o mais rápido possível, identificando o caso
índice, ou seja, onde tudo começou. Deve-se evitar o contato de contaminados
com pessoas saudáveis e vacinação em massa das pessoas vulneráveis e/ou
expostas a doença. Já na segunda é indispensável que os serviços de saúde
garantam o suporte adequado para todos os acometidos pela doença, a fim de
desenvolver garantia do melhor tratamento possível à pessoa enferma e, assim, essa
deixar de ser transmissora.
Outro importante ponto que médicos e profissionais da área estão notando
diz respeito às doenças sazonais. Um vírus de comportamento sazonal tem aumento
no número de casos dependendo da estação do ano. Porém, por fatores como o
fortalecimento do vírus e as mudanças climáticas, essa relação das doenças com
as estações está mudando. Haja visto o crescente número nos casos de dengue,
que ocorria com mais intensidade nas estações quentes, no último
outono/inverno.
A vacinação é a ação mais eficiente para erradicação de doenças. A oportunidade
de realizar a chamado profilaxia primária, gera redução da transmissão da
doença entre os vetores, isto é, entre as pessoas, visto que elas se encontram
imunes e não transmitem mais a doença em questão. “Na ausência de vacina,
medidas como lavar as mãos constantemente, uso de álcool para assepsia manual e
evitar ambientes aglomerados são medidas sutis, porém, de grande impacto no
controle e no desenvolvimento de barreiras para acontecimentos de epidemias”,
finaliza o Dr. De Cezaro.
Hospital Albert Sabin
Rua Brigadeiro Gavião Peixoto, 123 – Lapa – São Paulo – SP
Central de atendimento
(11) 3838 4655
Site
http://www.hasabin.com.br
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