Muitas das escalas usadas atualmente para avaliar
cicatrizes são insuficientes para medir características sutis da cicatriz e a
satisfação do paciente em relação a elas
Quando
se trata das cicatrizes físicas deixadas pelas cirurgias, um novo estudo mostra que pacientes e médicos geralmente não
avaliam a gravidade da mesma maneira. Pesquisadores da Escola de Medicina
Perelman da Universidade da Pensilvânia descobriram que pacientes e médicos discordavam
em suas avaliações sobre cicatrizes 28% do tempo, com pacientes com maior
probabilidade de se concentrar na profundidade da cicatriz, enquanto os médicos
eram mais propensos a enfatizar a cor e a textura.
Os
autores do estudo dizem que essas descobertas apontam para a necessidade de
melhores métodos de avaliação e melhor aconselhamento pré-operatório. Os
resultados do estudo forma publicados no JAMA Facial and Plastic
Surgery.
Cerca
de 230 milhões de procedimentos cirúrgicos são realizados em todo o mundo a
cada ano, em geral. Isso inclui cirurgias específicas de gênero, como
cesarianas ou reconstrução mamária, além de procedimentos iguais para todos os
pacientes, como cirurgias de câncer de pele.
“Além
do tipo de procedimento, existem vários outros fatores que afetam as cicatrizes
que vários procedimentos deixam no corpo de uma pessoa, como o método de
incisão na pele, o método de fechamento de ferida, a técnica de sutura ou o
tratamento pós-operatório de feridas”, afirma o cirurgião plástico Ruben
Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
Entenda o estudo
O
estudo inclui resultados em várias especialidades e usando vários métodos, o
que mostra que essa discrepância paciente-cirurgião não se limita a nenhuma
disciplina ou intervenção específica.
Os
pesquisadores usaram dados de estudos de 1972 a 2015, que analisaram
especificamente a avaliação de cicatrizes cirúrgicas, para as quais os
cirurgiões tentaram dois métodos diferentes de intervenção: incisão na pele ou
sutura da pele com dois métodos diferentes. Eles analisaram dados de 29 estudos
envolvendo 4.485 pacientes.
Nos
72% dos casos em que médicos e pacientes tiveram avaliações semelhantes da
cicatriz, os dois grupos foram indiferentes em termos da intervenção utilizada.
No entanto, nos 28% dos estudos em que discordaram, seis em oito coortes de
pacientes (75%) classificaram uma intervenção como superior, enquanto os
médicos classificaram as intervenções como equivalentes. Não houve estudos em
que os pacientes preferiram um método, enquanto os médicos preferiram outro.
“É
um tanto comum os pacientes terem cicatrizes pós-cirúrgicas consideradas
clinicamente aceitáveis, mas ainda assim os pacientes podem se sentir
desfigurados. Muitas das escalas usadas atualmente para avaliar cicatrizes são
insuficientes para medir características sutis da cicatriz e a satisfação do
paciente em relação a elas”, diz Ruben Penteado, que é membro titular da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Os
pesquisadores dizem que o problema com as cicatrizes é que não foram
criados parâmetros projetados para medir cicatrizes cirúrgicas. Vários deles
foram desenvolvidos para avaliar cicatrizes de queimaduras, e não levam em
conta a diferença de pontos de ênfase entre pacientes e médicos. Em estudos
usando a escala de avaliação de cicatrizes de pacientes e observadores (POSAS)
para classificar as cicatrizes, os pacientes consideraram a profundidade da
cicatriz como mais importante, enquanto os médicos enfatizaram a pigmentação da
cicatriz e as irregularidades de textura / superfície. Ao levar em consideração
essas prioridades, os cirurgiões podem definir melhor as expectativas.
“As
descobertas podem ajudar a melhorar o aconselhamento pré-operatório e destacar
a importância do desenvolvimento de medidas de cicatrizes que equilibrem as
percepções de pacientes e médicos. Para esse fim são necessárias mais pesquisas
para entender as expectativas dos pacientes e médicos, durante as consultas
iniciais”, diz Ruben Penteado.
Centro
de Medicina Integrada.
Canal
de vídeos: https://www.youtube.com/user/Medintegrada
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