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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Festas de Fim de Ano para crianças autistas: como lidar com a mudança de rotina, agitação e evitar situações desagradáveis na hora de festejar


Crianças autistas, assim como adolescentes e adultos, que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) requerem alguns cuidados especiais nas festas de fim de ano. Ambientes diferentes, pessoas desconhecidas, barulho e muita agitação no local podem causar grande desconforto, bem como provocar sérias crises na criança.

Desse modo, para permitir que essa época seja agradável para os pais e crianças, é preciso tomar algumas precauções importantes, conforme orienta a psicopedagoga e diretora do Instituto de Educação e Análise do Comportamento (IEAC), Michelli Freitas. De acordo com a especialista, o primeiro passo é conhecer bem o filho e se certificar de tudo que o incomoda, pensando também em estratégias para evitar o estresse e a brusca quebra de rotina. 

“É preciso planejar o local da festa, as pessoas, os tipos de comida que serão servidos e também o horário que, por sua vez,  já deve ser baseado nas preferências e rotina da criança. Portanto, os pais é que precisam adaptar as festas para o filho, e não o contrário”, recomenda a psicopedagoga. 

A analista do comportamento explica que mudanças de rotina que envolvem receber ou mesmo ir à casa de pessoas diferentes ou ambientes aglomerados e com muito barulho são alguns excessos que podem gerar uma sobrecarga na criança. Essa sobrecarga, por sua vez,  pode desencadear uma crise com possíveis comportamentos desafiadores para toda a família. 

Para minimizar as chances desses quadros, a pedagoga traz dicas. “Uma boa alternativa é criar uma historinha, contando tudo o que ocorrerá na festa, para que a criança tenha previsibilidade. O que acontecerá em cada momento, onde será, quem estará presente, e tudo isso com a maior riqueza de detalhes possível”, aconselha. 

Não criar expectativas é o melhor caminho para evitar as frustrações, de acordo com a analista. Para ela, o mais importante é viver o presente sem querer controlar o que vai ocorrer. “Explique a toda a família sobre isso,  para que ninguém fique chateado e ache que é pessoal, caso a criança tenha algum comportamento avesso. Busque fazer as coisas de modo mais natural possível e sempre respeitando as preferências e limites da criança”. 

Contudo, é importante também pensar no que é importante para a família como um todo, mas sempre respeitando o bem-estar da criança. “Não é fugir de situações que ela precisa. Algumas situações podem até ser importantes para o aprendizado e flexibilidade da criança. Mas também não se pode tornar situações que eram para ser agradáveis em aversivas”. E as recomendações da especialista sobre as festas de fim de ano continuam:

Expectativa com relação ao novo - buscar dar previsibilidade como, por exemplo, criar histórias que contam o que ocorrerá na sequência. 


Barulho - manter um local calmo onde a criança possa se proteger do barulho,  levar fones de ouvido por precaução e permanecer menos tempo em locais com barulho. 


Ambiente diferente e agitado - fazer uma adaptação gradativamente, de repente, frequentando o local outras vezes ou visitando outros ambientes agitados com mais frequência, e não apenas uma vez no ano.  Mas, se possível, dê preferência para que a celebração seja em um local já familiar e que tenha menos barulho, para que a criança tenha um refúgio. 


Mudança na rotina - fazer uma quebra de rotina em outros momentos ao longo do ano, do mês ou da semana, e não apenas no dia das festas, a fim de que, aos pouco,  isso se torne algo normal para a criança. 


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